Golpistas que se passam por médicos estão sendo investigados pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul após aplicarem um esquema de extorsão em que exigem pagamentos urgentes de familiares de pacientes. A operação, realizada na manhã desta terça-feira (2), resultou na prisão de pelo menos sete pessoas e no cumprimento de nove mandados de prisão, além de 13 mandados de busca e apreensão em estados como Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás.

Os criminosos acessavam informações privadas de pacientes a partir de hospitais particulares, utilizando dados de prontuários para contatar os familiares e alegar um agravamento na saúde dos pacientes. Segundo a Polícia Civil, os golpistas informavam que procedimentos essenciais não eram cobertos pelos planos de saúde e solicitavam pagamentos via PIX para que os tratamentos fossem realizados. Os valores cobrados variavam entre R$ 3,8 mil e R$ 11,7 mil.

Um áudio obtido pela polícia revela a abordagem utilizada pelos golpistas. No registro, um homem, supostamente um médico, menciona a necessidade de exames urgentes, afirmando que a demora poderia resultar em um diagnóstico de câncer. “Para não deixar que o pior aconteça, o plano nos deu a opção... Se a família tiver condições de arcar com essa despesa”, diz o falso médico, tentando convencer a família a realizar o pagamento imediato.

As investigações indicam que os valores arrecadados eram repassados para uma organização criminosa com base no Mato Grosso. Um dos suspeitos foi encontrado com mais de 120 contas PIX cadastradas em seu nome, levantando suspeitas sobre a lavagem de dinheiro. Além disso, a polícia está analisando como os criminosos tiveram acesso a dados em tempo real dos pacientes e de onde esses dados estavam sendo vazados.

A presidência do Conselho Regional de Medicina (Cremers) destacou a gravidade da situação, enfatizando que o crime não se limitava a hospitais privados, mas também afetava famílias de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A nota lamenta a fragilidade emocional das famílias que, em momentos de crise, se tornam alvos fáceis para esse tipo de golpe.

A operação continua em andamento, com a expectativa de que novos desdobramentos possam surgir à medida que as investigações se aprofundam. A polícia orienta que as famílias fiquem atentas a abordagens suspeitas e que verifiquem sempre a veracidade das informações recebidas sobre a saúde de seus entes queridos.