A partir do dia 1º de outubro, o Posto Médico Legal (PML) de Bento Gonçalves, vinculado ao Instituto-Geral de Perícias (IGP), deixou de funcionar em regime de 24 horas e passou a atender apenas das 8h às 20h. A medida, motivada pela falta de efetivo, foi duramente criticada pelo Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (UGEIRM), que denuncia os impactos diretos da restrição no trabalho policial e no atendimento à população.
Com a mudança, ocorrências registradas durante a noite e a madrugada, como exames de corpo de delito, perícias em flagrantes, atendimentos a vítimas de violência sexual e exames em casos fatais, precisarão ser encaminhadas para o PML de Caxias do Sul, a cerca de 50 km de distância. A alteração implica em maior tempo de deslocamento para policiais civis, sobrecarga para o efetivo já reduzido e risco de prejuízos na coleta imediata de provas.
A UGEIRM manifestou preocupação com os efeitos da decisão, afirmando que a medida fragiliza ainda mais o sistema de segurança. O diretor da entidade, Rogério Ferreira Souza, ressaltou: “Além das dificuldades criadas para os policiais civis, o deslocamento constante de uma cidade para outra gerará um custo significativo para as unidades policiais, que já lidam com grandes limitações orçamentárias.”
O também diretor da UGEIRM, Juarez Danclair, destacou que o sindicato está mobilizado em busca de soluções: “Já mantivemos contato com a Secretaria de Segurança Pública, solicitando a presença permanente de peritos em Bento Gonçalves e na região. Também procuramos a OAB e os Legislativos locais para que possamos, em conjunto, encontrar alternativas que evitem um impacto tão severo no trabalho policial e na vida da população.”
O fechamento parcial do PML em Bento Gonçalves também deve sobrecarregar o IGP de Caxias do Sul, que terá de absorver a demanda de outros municípios. Segundo o diretor regional do PML/IGP de Caxias, seria necessário ao menos mais um médico-legista para atender a nova demanda.
O transporte coletivo de provas e vítimas para outra cidade compromete a agilidade dos procedimentos e coloca em risco a efetividade de investigações criminais, sobretudo em casos de violência contra a mulher e crimes graves ocorridos no período noturno.
Para a UGEIRM, a redução de horário do PML é reflexo da falta de política de reposição de pessoal no governo Eduardo Leite, que ao longo dos anos deixou de investir no fortalecimento da perícia oficial.
Enquanto não houver reposição de peritos e ampliação da estrutura, a população de Bento Gonçalves e região continuará desassistida em um dos serviços mais importantes para a justiça criminal e para a proteção das vítimas.