O Rio Grande do Sul se organizou, resolveu seus gargalos fiscais e está preparado para ser um protagonista na transição energética nacional. Esta foi a mensagem central do governador Eduardo Leite durante sua participação no evento “Economia de baixo carbono e energias renováveis”, realizado nesta sexta-feira (21/8) no Aya Hub, em São Paulo, o primeiro hub de economia verde do país.
O evento, uma parceria entre a Invest RS e a AYA Earth Partners – maior ecossistema de negócios de baixo carbono do Brasil –, reuniu cerca de 80 lideranças públicas e privadas com o objetivo de conectar investidores às oportunidades no setor. A palestra do governador destacou a trajetória de recuperação fiscal do Estado e seu planejamento estratégico, que coloca a transição energética como um pilar essencial para o desenvolvimento.
“O Rio Grande do Sul é reconhecido nacionalmente como exemplo pelas reformas estruturais implementadas nos últimos anos no Brasil para reequilíbrio fiscal, para retomar capacidade de investimentos e proporcionar um ambiente preparado para desenvolvimento de negócios da economia verde para o futuro”, declarou Leite.
As reformas permitiram que o Estado reduzisse drasticamente o comprometimento da receita com despesas de folha de pagamento, saindo de 80% para 60%, abrindo espaço para uma série de políticas de incentivo, inclusive no setor de energia. O resultado foi uma retomada robusta da capacidade de investir, elevando a média de investimentos de 3% da sua receita corrente líquida, entre 2015 e 2020, para quase 11% no ano passado.
Esse novo cenário de solidez fiscal, somado a um ambiente de negócios modernizado com agilidade na abertura de empresas e concessão de benefícios, criou as condições ideais para atrair capital privado. Leite citou as privatizações e concessões já realizadas no setor elétrico, de gás e de saneamento, que devem alavancar R$ 72 bilhões em investimentos em infraestrutura.
Posição competitiva e potencial verde
Além da saúde fiscal, o governador enumerou os ativos que tornam o Rio Grande do Sul competitivo: é o 3º Estado mais seguro do país ("o que tem o menor número de roubos de celulares per capita"), líder em inovação, com parques tecnológicos e universidades de ponta, e detentor de um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) privilegiado.
No setor de energias renováveis, o potencial é destacado: o Rio Grande do Sul possui a 4ª maior produção de energia solar e a 5ª maior de energia eólica do Brasil. "Líder em projetos de licenciamento de geração eólica offshore", complementou Leite.
O governador também enfatizou a conexão estratégica entre a forte base agroindustrial do Estado e a produção de biocombustíveis, como biodiesel e etanol de trigo, para os quais o governo oferece incentivos tributários. Outro destaque foi o potencial para hidrogênio verde, estudado em detalhe em consultoria da McKinsey encomendada pelo Estado. "Além de termos fonte de energia renovável robusta, nós temos uma demanda interna de produção de fertilizantes, biocombustíveis e outros, que dão a capacidade de sustentar esta produção", disse, diferenciando a estratégia gaúcha, focada no mercado interno, da de outros Estados voltados para a exportação.
Leite destacou que o potencial do hidrogênio verde vai além da descarbonização e representa uma formidável alavanca para o crescimento econômico do Estado. Estudos prospectivos encomendados pelo governo, incluindo as análises da McKinsey, projetam que a implantação plena da cadeia de hidrogênio verde tem o potencial de adicionar quase R$ 50 bilhões ao PIB gaúcho até 2040, impulsionando setores desde a geração de energia renovável até a produção de fertilizantes verdes e combustíveis sustentáveis.
Para acelerar concretamente essa oportunidade, o governo do Estado já deu um passo crucial com o lançamento de editais de subsídios específicos para viabilizar projetos de hidrogênio verde. O pacote de incentivos, que totaliza R$ 100 milhões em recursos direcionados, foi desenhado para atrair e fomentar investimentos privados em pesquisa, desenvolvimento e implantação de infraestrutura, posicionando o Rio Grande do Sul na vanguarda do desenvolvimento desta tecnologia no país.
Detalhamento das oportunidades
Após a fala do governador, a secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, e o presidente da Invest RS, Rafael Prikladnicki, fizeram uma apresentação detalhada das iniciativas de pesquisa e investimentos do Estado em transição energética. Eles apresentaram dados concretos sobre os mais de 50 projetos de energia eólica em diversas fases de licenciamento e discutiram os potenciais de parceria com a iniciativa privada para investimentos em negócios na área, reforçando o papel do Estado como um facilitador e impulsionador dos investimentos verdes.
Em sua palestra, Marjorie apresentou as estratégias para a descarbonização do RS, lançadas com o objetivo de promover o uso de energias renováveis e a transição energética. A secretária também apresentou a capacidade de conexão e escoamento de energia elétrica do Estado, com 11 mil quilômetros de linhas de transmissão instaladas e 3 mil quilômetros em projetos, promovendo a competitividade e a atração de novos investimentos.
Outro projeto apresentado foi o de fomento à cadeia produtiva de hidrogênio verde. A chamada pública 01/2025 está em fase de seleção dos projetos que receberão a subvenção de até R$ 30 milhões.
"Esse edital selecionou empresas que já tiveram a etapa de desenvolvimento e pesquisa realizada e que já estão prontas para produzir. Esse hidrogênio precisa, necessariamente, ser produzido no Rio Grande do Sul e ser usado para descarbonizar as cadeias produtivas no Rio Grande do Sul", pontuou Marjorie.
“O Rio Grande do Sul está assumindo um papel de protagonismo na transição energética, mostrando ao Brasil e ao mundo que temos as condições ideais para receber e impulsionar investimentos. O trabalho da Invest RS é transformar ideias, intenções e oportunidades em projetos concretos, conectando investidores e fortalecendo a imagem do Estado como referência em energia limpa”, destacou Prikladnicki.
O evento seguiu com painéis que discutiram o futuro da energia eólica e os biocombustíveis, consolidando a missão do Aya Hub de conectar diferentes saberes e atores para acelerar a descarbonização da economia.
Sobre o Aya Hub
O Aya Hub é o primeiro centro de economia verde do Brasil, parte do ecossistema da AYA Earth Partners. Seu objetivo é funcionar como um ponto de conexão fundamental para empresas, investidores, especialistas e poder público comprometidos com a jornada de descarbonização. Ao oferecer um espaço para mentorias, conteúdos especializados e networking pautados em conhecimentos ancestral, científico, acadêmico e tecnológico, o hub se posiciona como uma peça-chave para fomentar negócios e parcerias que visam acelerar a transição para uma economia de baixo carbono no país, alinhando prosperidade econômica com benefícios para as pessoas e a natureza.
Texto: Carlos Ismael Moreira/Secom
Edição: Secom