Gênero musical bugio é oficializado como patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul
O gênero musical bugio agora é patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. A solenidade de registro ocorreu na terça-feira (12/8), no Teatr...
Por: Marcelo DargelioFonte: Secom RS
13/08/2025 às 14h39Atualizada em 13/08/2025 às 15h24
O evento contou com apresentações de grupos musicais de São Francisco de Assis e de São Francisco de Paula -Foto: Solange Brum/Ascom Sedac
O gênero musical bugio agora é patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. A solenidade de registro ocorreu na terça-feira (12/8), no Teatro Oficina OlgaReverbel, doMultipalcoEvaSopher. Participaram do ato de assinatura o secretário da Cultura, Eduardo Loureiro, o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), RenatoSavoldi, e os prefeitos de São Francisco de Assis, PaulinhoSalbego, e de São Francisco de Paula, Thiago Teixeira. A portaria da Secretaria da Cultura (Sedac) formalizando o registro está publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) de terça-feira (12/8).
“Além de promover a proteção desse gênero musical genuinamente gaúcho, o reconhecimento aqui realizado traz uma grande contribuição tanto no âmbito sociocultural, pois estamos falando de algo que expressa a nossa identidade e que une as comunidades, quanto socioeconômico, porque movimenta a economia a partir da indústria criativa da música”, salientou Eduardo Loureiro. Ele destacou ainda a união entre as duas cidades envolvidas. “O bugio é de São Francisco de Assis, de São Francisco de Paula e, acima de tudo, do Rio Grande. E quem ganha com isso é a cultura gaúcha”, disse o secretário.
Reconhecimento passou por todas as etapas legais
Os municípios de São Francisco de Assis e São Francisco de Paula foram os responsáveis por iniciar o processo, ao formalizar o pedido aoIphae. O reconhecimento do bugio como bem cultural passou por todas as etapas estabelecidas pela legislação estadual, que começam com a elaboração de um inventário, ou seja, uma pesquisa documental, bibliográfica e de campo para produzir conhecimento sobre o bem. A partir disso, é elaborado um parecer técnico pelo instituto, que o submete à avaliação da Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial, órgão responsável por avalizar a inclusão do registro.
O evento contou com apresentações das músicas “Nasceu o bugio”, de Amir Marques, “Voltando à querência”, de Francisco Luzardo e Ênio Medeiros, “Bugio na praça”, de Salvador Lambert e Walter Morais, “O casamento daDoralícia”, dos Irmãos Bertussi, “Levanta bugio”, de Leonardo, e “Gaúcho e tanto”, de Leo Ribeiro, Ângelo Marques e Ricardo Marques. As três primeiras canções foram executadas por representantes de São Francisco de Assis, e as demais, por um grupo de São Francisco de Paula. Já a música “O bugio é gaúcho”, de Leo Ribeiro e Paulo Ricardo Costa, foi apresentada em conjunto pelas duas comitivas. Também se apresentaram grupos de dança gaúcha das duas cidades. A solenidade foi acompanhada por autoridades municipais e por músicos e entusiastas do gênero musical bugio.
Reconhecimento oficial
O diretor doIphae, RenatoSavoldi ressalta que o registro fundamenta ainda mais a preocupação do instituto em reconhecer a cultura do Estado. "A assinatura de hoje, fruto do trabalho da equipe técnica do Instituto e dos municípios de São Francisco de Assis e São Francisco de Paula, possibilita a realização de medidas de salvaguarda desse bem cultural nas duas cidades”, destaca.
A inclusão do bugio como parte do patrimônio cultural do Estado permite a formulação de políticas públicas voltadas à sua preservação, como a promoção de festivais, oficinas e iniciativas educativas que assegurem sua transmissão às futuras gerações, além da valorização dos artistas e dos mestres do gênero.
Sobre o bem cultural
O bugio é um gênero musical executado no acordeão, no qual o instrumentista realiza um toque característico denominado “sincopado”. Esse ritmo é caracterizado pela execução de som em um tempo fraco que se prolonga até o tempo forte, constituindo um compasso binário simples. Conforme as pesquisas realizadas, somente o gênero bugio exige esse método de execução musical.
Embora o parecer técnico aponte que sua origem remonta a distintas narrativas históricas, que variam conforme a região, o bugio é amplamente reconhecido como um dos estilos musicais representativos da cultura regional. Além disso, há uma unanimidade quanto ao fato de que esse toque característico no instrumento foi desenvolvido a partir da imitação do som produzido pelo macaco bugio, animal nativo de diversas regiões do Estado.
O parecer destaca ainda que, independentemente da origem exata, o ritmo se consolidou como uma importante referência identitária para diversas comunidades gaúchas. Atualmente, o gênero – que, originalmente, era executado em gaita de botão e, mais tarde para a gaita pianada – incorporou outros instrumentos musicais, como a bateria, o violão e o contrabaixo.
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.