A perda da capacidade de enxergar de perto, conhecida como presbiopia ou vista cansada, atinge mais de 1,8 bilhão de pessoas no mundo. Aos 40 ou 45 anos, muitos começam a afastar o celular e os livros para ler. Além de óculos, lentes e cirurgias, laboratórios testam colírios inovadores para devolver a nitidez de objetos próximos sem a necessidade de óculos.
Em agosto, a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou o VIZZ, colírio à base de aceclidina 1,44%, desenvolvido pela Visus Therapeutics, para correção da presbiopia. Segundo a coluna do médico Fabiano Serfaty no site Veja Rio, o fármaco age ao contrair a íris, criando um efeito de orifício estenopeico que aumenta a profundidade de foco. Nos testes de fase III, pacientes ganharam até três linhas de acuidade de visão de perto. O colírio começa a agir em 30 minutos e tem efeito de até 10 horas. O tratamento é diário, em flaconetes descartáveis, e os principais efeitos colaterais foram leves, como irritação ocular (20 % dos voluntários), visão turva (16 %), dor de cabeça (13 %) e vermelhidão (7 % a 8 %). O VIZZ será lançado nos EUA no quarto trimestre de 2025; custará cerca de US$ 79 (caixa com 25 doses, um mês de uso) ou US$ 198 (75 doses, três meses) e ainda não há previsão de aprovação pela Anvisa no Brasil.
O oftalmologista Dr. Aron Guimarães explica que outra droga já aprovada pela FDA em 2021 é o Vuity, primeira formulação de pilocarpina 1,25 % para presbiopia. A substância provoca miose (contração da pupila) e estimula o músculo ciliar, aumentando a profundidade de foco. No estudo GEMINI 1, cerca de 30,7 % dos pacientes ganharam três linhas de acuidade de visão de perto sem comprometer a visão de longe. O efeito começa em cerca de 15 minutos e dura entre 4 e 6 horas. Os efeitos adversos mais frequentes incluem dor de cabeça, olhos vermelhos, ardência, visão embaçada e escurecimento temporário em ambientes com pouca luz; casos raros de descolamento de retina foram descritos em pacientes com alta miopia ou doenças vítreo‑retinianas.
O Vuity custa entre US$ 85 e US$ 100 por frasco nos Estados Unidos (equivalente a R$ 400 a R$ 600 para um mês de tratamento), enquanto a pilocarpina genérica usada para glaucoma custa R$ 25 a R$ 50. Porém, especialistas alertam que a formulação genérica não é indicada para presbiopia, pois tem pH diferente e mais efeitos adversos. O produto não tem aprovação da Anvisa e só pode ser importado com prescrição médica.
Embora representem uma alternativa promissora e discreta aos óculos de leitura, os colírios para presbiopia ainda são soluções temporárias e exigem avaliação oftalmológica. O tratamento deve levar em conta o estilo de vida, expectativas e saúde ocular do paciente, e os medicamentos devem ser usados sob prescrição para evitar complicações.