Após quase três anos da implantação das pontes de corda instaladas na ERS-040, o Programa de Proteção e Monitoramento de Fauna (PPMF) do governo do Estado, realizado por meio da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), registrou avanços na utilização das estruturas.
O objetivo das estruturas - instaladas em outubro de 2022 - é aumentar a conectividade entre os lados da rodovia e reduzir o número de atropelamentos de animais arborícolas da região, com foco principal na preservação do bugio-ruivo (Alouatta guariba), ameaçado de extinção.
Passagem de animais silvestres
Entre setembro de 2024 e maio de 2025, a equipe de especialistas do PPMF constatou a presença de mamíferos em 4.133 vídeos gravados durante o monitoramento através de câmeras com sensor de presença que registram a passagem dos animais. As principais espécies identificadas foram o ouriço (Coendou sp.), com 1.902 registros, o bugio-ruivo, com 1.335, e o gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), com 220.
Conforme o secretário de Logística e Transportes do Estado, Juvir Costella, além da questão ambiental, os dispositivos também são cruciais para aumentar a consciência de motoristas e pedestres que circulam pela rodovia. "A partir da instalação dos passadores de fauna, diversas espécies em extinção serão preservadas e o impacto de um tráfego mais seguro na região trará benefícios maiores para as comunidades", salientou Costella.
Para o diretor-presidente da EGR, Luís Fernando Vanacôr, os registros comprovam que os passadores estão sendo utilizados pela fauna local. “Os dados coletados demonstram, de forma clara, que as estruturas implantadas estão cumprindo o seu papel ambiental. Os mais de 4 mil registros mostram animais que deixaram de correr o risco de serem atropelados, atravessando a rodovia em segurança”, explicou.
Zonas críticas definidas em estudos
As passagens de fauna foram instaladas em seis zonas críticas da ERS-040, definidas através de estudos por especialistas, entre o quilômetro 13 e o 16, no quilômetro 21 e entre o 39 e o 42, ambos em Viamão. São estruturas específicas para animais que se deslocam pelas copas das árvores, diminuindo o deslocamento necessário para que os bichos encontrem uma oportunidade segura de cruzamento entre os dois lados da rodovia.
Das 20 pontes monitoradas, 19 foram utilizadas ou atravessadas pelos mamíferos. Em algumas delas, ainda que não tenha sido verificado o uso, notou-se a presença de animais nas proximidades, indicando um possível processo de adaptação à nova estrutura por parte deles.
O relatório do PPMF apontou, ainda, que a taxa de utilização das pontes varia conforme a espécie e a localização da estrutura. O bugio-ruivo foi observado em sete delas, sendo mais frequente em quatro. Já o ouriço foi captado em quase todas.
Para entender melhor os fatores que podem estar relacionados ao uso das passagens, foram também testadas variáveis, como a largura das pontes, a distância entre elas, a cobertura do dossel e o número de cordas de indução. No entanto, os modelos estatísticos não indicaram relação significativa entre essas características e a taxa de uso. A hipótese considerada, no momento, é de que a presença dos animais no entorno seja mais determinante que os aspectos estruturais.
Sobre o Programa de Proteção e Monitoramento de Fauna
O PPMF é implementado pela STE - Serviços Técnicos de Engenharia, responsável pela execução do Plano Básico Ambiental (PBA) da EGR, em parceria com o Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (Nerf) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
O programa vem sendo realizado desde 2019 e está em sua segunda fase, voltada à implantação e ao monitoramento das medidas mitigadoras. As ações fazem parte do cumprimento das condicionantes ambientais das Licenças de Operação (LOs) emitidas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (Fepam).
Texto:Ascom EGR
Edição: Anderson Machado/Secom