Esteio (RS) - A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu, em coletiva nesta quarta-feira (23), que o assassinato de Kauany Martins Kosmalski (18 anos), do bebê Miguel (2 meses) e de Ariel Silva da Rosa (16 anos), em Esteio, foi cometido por um casal ligado a uma comunidade religiosa, motivado por ciúmes e tentativa de impedir que a paternidade fosse descoberta.
Segundo o delegado Cristiano Reschke, o principal suspeito é Jocemar Antunes de Almeida, 46 anos, identificado como pai de santo, suspeito de ter matado o adolescente Ariel com facadas, após o trio se reunir para beber vinho no último domingo (20). A esposa dele, Belisia de Fátima da Silva, também foi apontada como autora: ela teria matado Kauany em um acesso de fúria motivado por ciúmes.
Jocemar foi preso em flagrante após confessar os assassinatos, enquanto Belisia teve prisão preventiva decretada por feminicídio, depois de admitir participação no crime.
A polícia apurou que ambos tinham relacionamento extraconjugal com Kauany, e que o bebê Miguel seria filho de Jocemar. O suspeito teria temido perder sua posição no seio religioso caso a gravidez fosse exposta. Kauany estaria ameaçando revelar a paternidade à comunidade, o que teria motivado a tragédia. Em relação a Ariel, a investigação aponta que ele sabia do relacionamento secreto e da paternidade; por isso, foi morto para garantir sigilo .
Após atraírem as vítimas para um local afastado em Esteio, o casal as assassinou com facadas e enterraram os corpos em um bueiro próximo ao Rio dos Sinos. A arma do crime foi descartada nas imediações. Dois adolescentes, de 15 e 17 anos, foram apreendidos por auxiliar na ocultação.
A perícia tentará esclarecer a causa exata da morte do bebê, que pode ter sido por asfixia. O casal responderá pelos crimes de feminicídio triplamente majorado, duplo homicídio e morte de menor de 14 anos.
O caso, chocante e ampliado pelo envolvimento de um líder religioso, tem gerado forte comoção em Esteio, cuja comunidade aguarda mais detalhes sobre a motivação pessoal que levou ao crime.