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EMOÇÃO AO VIVO: Música para embalar os dias de isolamento

Em serenatas virtuais ou presenciais – neste caso, respeitando as medidas de distanciamento – profissionais de Bento Gonçalves levam uma mensagem de alegria e otimismo às famílias

18/08/2020 às 02h02 Atualizada em 24/08/2020 às 12h25
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Jorge Bronzato Jr.
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As medidas restritivas impostas pela pandemia de Covid-19 atingiram os profissionais dos mais diversos ramos. No meio musical, não foi diferente: para evitar aglomerações, as apresentações presenciais e até mesmo aulas envolvendo grupos tiveram de ser canceladas.

Essa nova realidade afetou duramente a rotina de quem tem na música a sua atividade principal e que, ao longo dos últimos meses, precisou criar alternativas para se manter trabalhando em um contexto totalmente diferente. Para ilustrar essa busca por um novo espaço dentro do seu nicho de atuação, o NB Notícias conversou com dois bento-gonçalvenses: Jonas Iunes, o Johnny Grace, que há quase nove anos mantém um tributo a Elvis Presley; e com a educadora musical Viviane Mello, responsável por uma série de projetos de formação em canto.

O que ambos têm em "comum" neste período de incertezas e, para muitos, de dificuldade de permanecer na ativa? Os dois, cada um a seu modo, estão levando a sua voz e a qualidade de seu trabalho para as casas daquelas pessoas que buscam na cultura um certo fôlego para seguir em frente em um momento de notícias nem sempre tão positivas.

Com quase 80 shows cancelados desde o começo da pandemia, Iunes viu um ano que "seria para estourar" se transformar em um dos maiores desafios desde que encarnou seu personagem em homenagem ao rei do rock. Em 14 de fevereiro, data em que é celebrado o Dia dos Namorados nos Estados Unidos, ele cantava em Nova York; a partir de março, contudo, passaria a sentir o impacto da suspensão de eventos e de espetáculos semanais agendados em uma famosa casa de Gramado.

No começo, a expectativa ainda era de que o retorno ocorresse em breve, o que acabou não se confirmando. "Nós pensávamos que, no máximo, ficaríamos parados 40 ou 50 dias, não mais do que isso. Vínhamos de um ano passado que havia sido muito bom e esse realmente começando com tudo, mas aí as coisas mudaram. E não só para mim, tenho três pessoas que trabalham diretamente comigo, sem contar todos os profissionais que a cadeia de eventos movimenta", conta.

A saída para não parar completamente veio de um produto que, inicialmente, nem era divulgado no portfólio do artista, mas que acabou se revelando como uma das poucas possibilidades para os dias de isolamento: as serenatas. Respeitando todas as medidas de distanciamento, sem gerar aglomerações, elas são apresentações mais intimistas, de aproximadamente meia hora, contratadas como surpresa e executadas geralmente na área externa das residências. "Durante todos estes anos em que fazemos o tributo, a gente tinha feito apenas umas duas. E, agora, foi algo que demorou um pouco para construir, nos primeiros 60 dias ficamos praticamente trancados. Depois, começamos a enviar o material da serenata para os clientes que já conhecíamos e, aos poucos, foi começando a dar certo", detalha o músico.

O fluxo ainda não é o mesmo de antes, quando a média de shows era de 15 por mês – em dezembro de 2019, chegou a 23, mas, atualmente são cinco. A postura diante do público também precisa ser mais comedida. "O que eu sinto falta é de  poder interagir com as pessoas no show. E eu percebo que elas sentem falta disso também. Mas a serenata tem isso de ser mais pessoal, é um presente que emociona. Não é o normal com o qual estávamos acostumados, mas, mesmo assim,  a gente continua levando para as pessoas o que a música do Elvis proporciona, que é amor e alegria", ressalta Iunes.

Mudou também a rotina de viagens e preparação: a ida até os destinos agora é quase sempre um "bate e volta", sem pernoite em outras cidades. Ao seu lado, apenas o técnico de som e a indumentária característica de Elvis, com réplicas oficiais das roupas usadas pelo ídolo, trazidas dos Estados Unidos.

Se as dúvidas quanto ao futuro ainda persistem, o músico se agarra a um horizonte mais otimista para projetar os próximos meses. Para março e abril de 2021, por exemplo, a agenda já não tem sábados livres. "Tudo vai voltar, e eu sei que vai ser ainda mais forte. As pessoas precisam de diversão", conclui.

Emoção a distância
A pandemia também foi o impulso para que a educadora musical Viviane Mello desengavetasse uma ideia antiga que estava apenas no papel. A mudança de planos também tinha como objetivo permitir que ela pudesse conciliar seu trabalho com a maternidade, já que seu filho nasceu no ano passado. A tudo isso, somou-se uma dose de nostalgia, com um resgate dos anos 1990 e 2000: o resultado foi a criação de serenatas virtuais, nas quais ela toca, canta e transmite mensagens ao vivo através dos mais diversos aplicativos e redes sociais disponíveis. "Eu recebia muitas telemensagens quando era mais jovem, e eu amava. Era uma sensação muito agradável", recorda Viviane, ao destacar uma de suas inspirações para o projeto.

O recurso tecnológico substituiu, ainda que temporariamente, os encontros promovidos anteriormente em suas aulas de técnica vocal, que eram voltadas principalmente a crianças e idosos. "Por um lad0, eu acabei perdendo esse formato presencial, mas acabei ganhando o diferencial de fazer algo que não tem fronteiras. É uma coisa tão legal, é muito bacana proporcionar isso às pessoas. E posso dizer, com certeza, que faz tão bem a mim quanto a quem recebe. É muito prazeroso", aponta.

Por semana, Viviane mantém uma média de quatro apresentações virtuais, mas o número sobe consideravelmente em datas comemorativas, como o 12 de junho, Dia dos Namorados, quando chegou a fazer 20 serenatas. Além de muitas cidades gaúchas, sua voz já percorreu caminhos maiores, alcançando Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e até mesmo Portugal. Com a boa receptividade conquistada, ela pretende continuar com a proposta, pelo menos até surgir um novo desafio. "Precisamos aprender com algumas situações, por mais difíceis que sejam", avalia.

Engana-se quem pensa que, nestas situações, a distância bloqueia os sentimentos. "Eu tenho visto uma reação muito positiva. No começo, às vezes tem um pouquinho de desconfiança, que logo vira surpresa e termina em emoção. Acredito que esse momento trouxe uma sensibilização maior, nos fez ter uma necessidade de valorizar o outro e de buscar formas de expressar isso", finaliza a profissional da música, que tem uma trajetória de mais de duas décadas e também mantém um projeto de canto e musicalização para mães, no mesmo formato virtual.

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