Com a popularização do CrossFit e dos treinos funcionais de alta intensidade, movimentos desafiadores como o handstand push-up – a tradicional flexão de braço invertida – passaram a fazer parte da rotina de muitos praticantes. Porém, a versão mais dinâmica do exercício, conhecida como Kipping Handstand Push-up, tem chamado a atenção de especialistas pelos riscos que representa à integridade da coluna cervical.
Quem levanta esse alerta é o personal trainer e treinador Renan Bastos, que há mais de 10 anos atua na preparação física de alunos que buscam resultados com segurança. Segundo Renan Bastos, o movimento que utiliza impulso de quadris e pernas para “ajudar” na subida pode expor o corpo a impactos desnecessários.
“O kipping transfere a força que deveria ser gerada pelos ombros e pelo core para regiões mais vulneráveis como o pescoço. Quando a fadiga se instala, o risco de lesões cervicais aumenta consideravelmente”, explica o treinador.
Impactos acumulados e riscos invisíveis
A execução do Kipping Handstand Push-up pode exigir que o praticante projete o corpo para cima a partir de uma base instável. “Com a repetição acelerada e a falta de preparo muscular adequado, há grande chance de ocorrer compressão dos discos intervertebrais, tensões cervicais crônicas e até danos nas articulações dos ombros e cotovelos”, diz Renan Bastos.
Segundo o especialista, muitos desses danos são silenciosos no início, mas acumulam efeitos ao longo do tempo, principalmente em treinos mal supervisionados.
Força com controle: a alternativa segura
Em vez de buscar eficiência a qualquer custo, o treinador recomenda investir em movimentos que priorizem o controle e a estabilidade, como:
O próprio kipping HSPU foi uma adaptação criada de um exercício original, para torná-lo mais acessível ao público. Renan Bastos explica: “Mas essa acessibilidade veio com um custo. Por mais cuidadoso que seja o aluno, ao executar a técnica de kipping para auxiliar na execução do movimento, o aluno gera uma compressão na cervical, utilizando como se fosse uma mola. Esse movimento feito de forma repetitiva, atingindo volumes bem altos, acaba gerando um estresse desnecessário e com risco mais alto do que deveria de lesão. Isso sem considerar que muitas vezes o aluno pode apresentar falhas técnicas ao longo dos treinos de alta intensidade, e comprometer ainda mais o risco de lesão”.
“O verdadeiro progresso acontece quando o corpo é desafiado com consciência. Não há vantagem em acelerar o movimento se isso comprometer articulações essenciais como a cervical. Treinar com inteligência é treinar para o longo prazo”, afirma Bastos.
Sobre Renan Bastos
Treinador especializado em performance funcional e prevenção de lesões, Renan Bastos tem se destacado por seu trabalho técnico e educativo dentro e fora das academias. Com formação em Educação Física e cursos internacionais na área de biomecânica e reabilitação, ele defende uma abordagem baseada em ciência, respeito aos limites do corpo e evolução sustentável nos treinos.
CREF Nº RJ-059097