A equipe da Força-Tarefa do Programa de Segurança Alimentar mudou a rotina de Bento Gonçalves durante dois dias. Na terça-feira, 18, e quarta-feira,19, foi realizada uma ação de fiscalização em 13 estabelecimentos comerciais da Capital do Vinho. Ao todo, foram apreendidas 23 toneladas de alimentos impróprios ao consumo, um local foi interditado pela Vigilância Sanitária e três pessoas acabaram presas. A ação mexeu com os ânimos dos empresários do setor supermercadista e também dos consumidores bento-gonçalvenses.

Nos locais visitados, os agentes da força-tarefa encontraram muitos produtos sem indicação de procedência, vencidos, alimentos fora da temperatura adequada e com fracionamento irregular. Em entrevista coletiva, o promotor Alécio Silveira Nogueira afirmou que cerca de um terço de tudo o que foi apreendido estava sem condições de consumo ou vencido. Nogueira destacou que a participação dos consumidores foi fundamental para que toda a ação fosse realizada. “Tudo começou por meio de uma denúncia formal feita por um consumidor ao Ministério Público. Além disso, quando estávamos fazendo a fiscalização, muitos consumidores nos indicavam locais para serem visitados, pois tinham conhecimento da prática irregular cometida por estes estabelecimentos”,revela o promotor.

Na quarta-feira, 19, foram vistoriados o Supermercado Nacional, o Supermercado Grepar, o Supermercado Rizzardo, o Supermercado Apolo (Bairro São Roque) e o Supermercado Andreazza.Nestes locais foram recolhidas 9,3 toneladas de alimentos, sendo carne a sua maioria. Também passou por fiscalização neste dia a empresa Aida Alimentos,onde o proprietário do estabelecimento, Mauro Francisco Gasperin, foi preso por falsificação de rotulagem e por comercializar muitos alimentos vencidos. No local os fiscais encontraram 2,9 toneladas de carne considerada imprópria para oconsumo.

Na terça-feira, 18, passaram pela inspeção a Casa de Carnes Santa Eulália, Big Boi Carnes, Casa de Carnes Razzera, Açougue Silvério, Casa de Carnes São Roque, Fruteira São Roque e Mercado e Açougue Boi na Brasa. No total, foram apreendidos 10 toneladas de alimentos nestes estabelecimentos, sendo a maioria carne. O Mercado e Açougue Boi na Brasa foi interditado pelos agentes da Vigilância Sanitária por problemas sanitários e inúmeras mercadorias vencidas sendo comercializadas nas prateleiras. Também foram encontradas carnes com vencimento do ano de 2015. O proprietário do estabelecimento, Jorge Goulart Ferraz, de 46 anos, foi preso por crime contra as relações de consumo. Na Fruteira São Roque os fiscais constataram que asinhas de frango, com prazo de validade vencido, eram lavadas e temperadas para serem vendidas novamente no balcão do açougue. O proprietário, IvalinoTroian, de 56 anos, também foi preso pelo crime de relações de consumo.

Participaram da ação o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - Segurança Alimentar (GAECO), promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Consumidor e da Ordem Econômica, Caroline Vaz, os promotores de Justiça de Bento Gonçalves Alécio Nogueira, Lisiane Rubine Gílson Medeiros, agentes da Vigilância Sanitária Estadual, Vigilância Sanitária e Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Bento Gonçalves,Secretaria Estadual da Agricultura (Seapi), Delegacia do Consumidor (Decon),Procon de Bento Gonçalves e servidores do Ministério Público.

Como foram as ações nos estabelecimentos

Açougue Big Boi – foram recolhidos 530 quilos de carnes. Não foi encontrada carne vencida no local, mas o recolhimento foi feito devido ao fracionamento irregular das carnes, o que impede a identificação da procedência do produto.

Açougue Santa Eulália (Casa de Carnes São Roque) – foram apreendidos 800 quilos de carnes também com problemas de fracionamento irregular e formas de como o produto era manuseado.

Casa de Carnes Razzera – os fiscais recolheram 1 tonelada de carne. Não foram encontradas carnes vencidas no local, mas tinham problemas de fracionamento irregular e formas de como o produto era manuseado.

Açougue Silvério – foram apreendidos 250 quilos de carnes por problemas de fracionamento irregular e formas de como o produto era manuseado.

Açougue da Fruteira São Roque - os fiscais constataram diversas irregularidades no manuseio e armazenamento da carne. Uma delas foi a de que asinhas de frango e coxinhas da asa (CONHECIDAS COMO TULIPAS), com prazo de validade vencido, eram lavadas pelos funcionários e temperadas para serem vendidas novamente no balcão do açougue. No total, foram retirados do estabelecimento 7,5 toneladas de carnes vencidas ou consideradas imprópria para o consumo. O proprietário, Ivalino Troian, de 56 anos, foi preso pelo crime de relações de consumo. Ele pagou fiança de 15 salários mínimos e responderá ao processo em liberdade.

Mercado e Açougue Boi na Brasa – foi apreendida cerca de 1,1 tonelada de carne, além de mercadorias vencidas e sem condições de consumo que estavam na prateleira do estabelecimento. O proprietário do estabelecimento, Jorge Goulart Ferraz, de 46 anos, foi preso por crime contra as relações de consumo. Ele pagou fiança de cinco salários mínimos e irá responder ao processo em liberdade. O mercado também foi interditado pela Vigilância Sanitária.

Supermercado Nacional – foram recolhidos 640 quilos de alimentos, carne em sua maioria.Foram encontrados produtos fora da temperatura adequada e com fracionamento irregular.

Supermercados Apolo – o estabelecimento teve duas filiais visitadas pelos fiscais, a da Avenida São Roque e do Shopping L’América. No São Roque, foram recolhidos 630 quilos de alimentos, carne em sua maioria. Na filial do Shopping L’América,foram 870 quilos de alimentos, também tendo a carne como predominância. Um caminhão, que chegava para abastecer o estabelecimento, teve 40 quilos de carne recolhida. Não foram encontrados produtos vencidos, mas alguns sem indicação de procedência, alimentos fora da temperatura adequada e com fracionamento irregular.

Supermercado Grepar – os fiscais foram até a filial da Avenida Osvaldo Aranha vistoriar o estabelecimento. Foi recolhida 1,6 toneladas de alimentos, tendo a carne e seus derivados como predominância. Não foram encontrados produtos vencidos, mas alguns sem indicação de procedência, alimentos fora da temperatura adequada e com fracionamento irregular.

Supermercado Rizzardo – foram recolhidos 92 quilos de alimentos. O maior problema encontrado foi o fracionamento irregular de produtos e alguns alimentos fora da temperatura adequada.

Supermercado Andreazza – Foram retiradas 4,5 toneladas de alimentos do estabelecimento.Os fiscais encontraram carnes com problemas de armazenamento e manuseio. Não foram encontrados produtos vencidos, Alguns alimentos estavam fora da temperatura adequada e também com fracionamento irregular.

Aida Alimentos – os fiscais encontraram várias irregularidades no local. Problemas de armazenamento e 2,92 toneladas de carnes consideradas imprópria para o consumo foram alguns deles. Também foi identificado que rótulos foram fraudados, contendo data de validade e de produção adulterados, além do uso de aditivos utilizados na fabricação de embutidos com prazo de validade vencido. O proprietário do estabelecimento Mauro Francisco Gasperin, de 66 anos, recebeu voz de prisão em flagrante e foi recolhido ao presídio. Ele deixou a penitenciária na tarde da quinta-feira, 20, por ordem judicial e responderá ao processo em liberdade.

Fonte: Ministério Público/Vigilância Sanitária Municipal e Estadual