O cão de busca e salvamento Guapo, um labrador da cor chocolate com trajetória marcada por bravura e solidariedade, morreu nesta segunda-feira (28) após ser submetido à eutanásia, em decorrência de um tumor agressivo com metástase. A decisão foi tomada por veterinários e pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Maria, onde o animal atuava ao lado de seu parceiro, o 1º sargento Brum, diante do rápido agravamento do quadro clínico. Nos últimos dias, Guapo já não se alimentava nem conseguia beber água.
Com apenas oito anos de idade, Guapo foi protagonista de missões de resgate emblemáticas nos últimos anos e se tornou um símbolo de coragem, empatia e dedicação no serviço público de salvamento. Participou da operação em Brumadinho (MG) em 2019, após o rompimento da barragem da Vale que deixou 272 mortos, e integrou as buscas após os deslizamentos em Petrópolis (RJ) em 2022, tragédia que vitimou mais de 230 pessoas. Atuou também fora do país, em apoio à Gendarmeria da Argentina, em 2018.
Mais recentemente, Guapo ganhou projeção nacional por sua atuação nas enchentes no Vale do Taquari, ocorridas em 2023 e 2024, no Rio Grande do Sul, onde ajudou na localização de desaparecidos em áreas devastadas por deslizamentos de terra e inundações.
“Guapo era mais do que um cão de resgate. Era um companheiro leal, um símbolo da nossa missão de salvar vidas. Onde muitos recuavam, ele avançava com coragem”, declarou o 1º sargento Brum, emocionado, em nota divulgada pelo Comando-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do RS.
Além de missões operacionais, Guapo também atuava em projetos de cinoterapia, visitando escolas e instituições de saúde, ajudando na recuperação emocional de crianças e adultos. Seu temperamento dócil e presença marcante o tornaram uma figura querida por onde passava.
Em sua carreira, foi homenageado com medalhas, certificados e moções de reconhecimento por serviços prestados à sociedade. Ainda assim, será lembrado principalmente pelo impacto humano de suas ações. “Ele levou esperança a famílias em desespero. Ajudou a transformar dor em alívio e angústia em reencontros. Essa é a grandeza de Guapo”, escreveu a corporação em comunicado oficial.
A morte de Guapo comoveu os colegas de farda e gerou manifestações nas redes sociais, onde o nome do cão chegou aos assuntos mais comentados do dia no Rio Grande do Sul.
O Corpo de Bombeiros do RS prepara uma homenagem oficial nos próximos dias, com a participação de militares, voluntários e familiares de vítimas resgatadas por Guapo.
Legado eterno
Guapo se despede como um verdadeiro herói de quatro patas, exemplo de dedicação silenciosa e amor incondicional ao próximo. Sua história ecoa como um lembrete de que a coragem nem sempre veste farda — às vezes, ela late, corre e abana o rabo.