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CE aprova plano de trabalho para avaliar política pública de cotas na cultura
A Comissão de Educação (CE) aprovou nesta terça-feira (13) o plano de trabalho apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS) para conduzir a avaliaçã...
13/08/2024 13h41
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Senado

A Comissão de Educação (CE) aprovou nesta terça-feira (13) o plano de trabalho apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS) para conduzir a avaliação da política pública sobre cotas étnico-raciais nos programas e ações do Ministério da Cultura (MinC). O colegiado vai promover duas audiências públicas para ouvir especialistas, gestores públicos, representantes de organizações culturais e beneficiários dos programas. A previsão é que a entrega do relatório seja realizada no dia 30 de novembro e a discussão e votação do documento até 22 de dezembro.

Todos os anos as comissões permanentes do Senado escolhem uma política pública a ser avaliada. Esse ano a Comissão de Educação aprovou a sugestão apresentada pelo senador Paulo Paim.

Tendo em vista as particularidades e complexidade do setor audiovisual, o plano de trabalho define que a primeira audiência vai ouvir, exclusivamente, representantes deste setor. As informações sobre as atividades desenvolvidas pelo Ministério da Cultura e as ações empreendidas pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) serão pauta desse debate, conforme a previsão do plano.

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Já a segunda audiência pública abordará os demais programas e editais realizados pelo Ministério da Cultura e órgãos vinculados.

Ainda como metodologia, a avaliação levará em conta a coleta de dados de diversas fontes, como documentos oficiais do Ministério da Cultura e relatórios de execução dos editais que envolvem cotas étnico-raciais.

Segundo Paulo Paim, os nomes dos convidados das audiências públicas serão definidos a partir do retorno dos requerimentos de informações ao MinC, "quando será possível obter um panorama geral prévio das políticas", explicou.

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Paim destacou que uma das maiores críticas feitas ao programa, nos últimos tempos, é em relação à falta de métodos avaliativos e de acompanhamento dessa política. Por esse motivo, enfatizou, a comissão decidiu estudar o assunto.

Já o presidente da CE, Flávio Arns (PSB-PR), sugeriu a Paim que o plano de trabalho também inclua solicitação às assessorias parlamentares dos Ministérios da Cultura, de Direitos Humanos, da Educação e da Igualdade Racial para o encaminhamento de projetos a serem votados na Comissão de Educação que visem a ações de melhoria nos indicadores sociais e educacionais do país para que, futuramente, não sejam necessárias as cotas étnico-raciais.

Lei de Cotas

No ano passado o Senado se debruçou sobre a Lei de Cotas (Lei 12.711, de 2012 ) para buscar a atualização e a prorrogação da política, que vigora desde 2012. Como resultado, foi sancionada a Lei 14.723, de 2023 , reformulando a legislação.

Pela norma de 2023, candidatos cotistas tiveram aumentada a chance de ingressar nos estabelecimentos federais de ensino superior ou de ensino médio técnico. Dentre outros benefícios, eles passam a concorrer primeiramente às vagas gerais, e disputam as vagas reservadas apenas se não forem classificados no geral.

A Lei de Cotas reserva no mínimo 50% das vagas em universidades e institutos federais para estudantes que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas. Com a atualização, a distribuição racial das vagas ocorre dentro desse percentual, de forma que um aluno negro que estudou o ensino médio em escola particular, por exemplo, não é beneficiado.

A revisão da legislação reduziu a renda familiar máxima permitida para participar das cotas, que passa de 1,5 salário mínimo por pessoa para 1 salário mínimo por pessoa. O texto também inseriu os quilombolas entre os beneficiados pela reserva de vagas, que já incluía pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência. A distribuição das vagas será feita de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando a proporção dessas populações em cada unidade da federação.

Avaliação de políticas

A avaliação de políticas públicas no Senado é resultado de uma resolução aprovada em 2013 para fortalecer o papel fiscalizador da Casa. De acordo com a norma, cada comissão permanente do Senado deve eleger uma política pública por ano para avaliação. A análise se estende aos impactos das propostas e às atividades de suporte para a sua execução, com a solicitação de informações e documentos a órgãos do Poder Executivo, Tribunal de Contas da União (TCU) e entidades da sociedade.

Ao final da sessão legislativa, a comissão apresenta relatório com as conclusões da avaliação realizada. A Consultoria Legislativa e a Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle elaboram estudos e relatórios técnicos que subsidiam os trabalhos de avaliação.