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Instalada comissão sobre PEC que reserva emendas para o combate a desastres naturais
O plano de trabalho do relator deverá ser apresentado na próxima quarta-feira (15)
08/05/2024 20h33
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Câmara

Foi instalada nesta quarta-feira (8) a comissão especial da Câmara dos Deputados que vai analisar a proposta de emenda à Constituição (PEC 44/23) que reserva 5% das emendas individuais ao Orçamento para o enfrentamento de catástrofes e emergências naturais.

O deputado Jorge Goetten (PL-SC) foi eleito presidente do colegiado e o deputado Daniel Agrobom (PL-GO), 1º vice-presidente. O relator será o deputado Gilson Daniel (Podemos-ES).

A comissão especial conta com 34 membros efetivos e o mesmo número de suplentes. O 2º e o 3º vice-presidentes serão eleitos posteriormente.

Relatório conjunto
O colegiado tem 40 sessões do Plenário da Câmara para proferir seu parecer, contadas a partir de 2 de maio, data em que a comissão foi constituída. O plano de trabalho do relator deverá ser apresentado na próxima quarta-feira (15), às 15 horas.

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A intenção de Gilson Daniel é construir um relatório em conjunto com todos os parlamentares, especialmente neste momento em que o Rio Grande do Sul enfrenta a maior enchente de sua história.

“Precisamos avançar não apenas na pronta resposta, mas também na prevenção. Se uma casa está numa encosta e a pessoa perde a casa, a gente pode reconstruir a casa, mas a gente não pode fazer um muro de contenção”, afirmou Gilson Daniel.

O presidente Jorge Goetten acrescentou que, quando se trata de enchente, ele fala em causa própria por já ter vivenciado 18 cheias.

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“Eventos climáticos não têm partido. Não queremos discussão partidária ou política. A gente quer empatia e solidariedade. É dessa forma que a gente vai conduzir e construir, ouvindo e escutando a todos”, declarou Goetten. “O Brasil é desigual e se tem algo desigual são as enchentes. Ela atinge primeiro quem mora em área de risco, são as pessoas menos favorecidas.”

Ajuda da União
O deputado Duarte Gonçalves Jr (Republicanos-MG), que era prefeito à época do rompimento da barragem de Mariana (MG), em 2015, destacou a importância da ajuda do Poder Público nesses momentos, mesmo que a responsabilidade por tragédias seja de empresa privada.

“A gente não consegue se preparar. Então, a resposta rápida é importante. Se acontecer algo de responsabilidade de empresa privada, que possa o Poder Público estar presente e depois cobrar da empresa”, disse Gonçalves Jr.

Por sua vez, o deputado Kiko Celeguim (PT-SP) defendeu programa de Estado – e não de governo – para enfrentar catástrofes climáticas.

“É necessário ter prevenção da prefeitura e dos estados e, com a União entrando com parceria de financiamento, vamos passar a ter volume considerável de recursos de maneira permanente”, observou Celeguim. “Se o projeto estivesse em vigor, este ano teríamos um acréscimo no nosso orçamento de quase R$ 1,3 bilhão, entre as emendas dos senadores e dos deputados, para fazer pequenas, médias e grandes obras, para enfrentar alagamentos e secas”, contabilizou.

Orçamento
As emendas individuais ao Orçamento são de autoria de cada parlamentar e podem servir, por exemplo, para financiar obras e projetos em seu estado ou região.

De acordo com a Constituição Federal, as emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 2% da receita corrente líquida do exercício anterior ao do encaminhamento da proposta, observado que a metade desse percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde.

PEC
A PEC 44/23, do deputado Bibo Nunes (PL-RS), estabelece que deverá ser feita, a critério do deputado ou senador, a reserva de 5% do valor disponibilizado às suas emendas para enfrentamento de catástrofes e emergências naturais.

Conforme o texto, o valor deverá ser destinado ao órgão federal competente, que deverá fazer o repasse aos estados ou aos municípios afetados por desastres. O montante deverá ser revertido aos mandatos parlamentares no último ano da legislatura caso não tenha havido intercorrências que justificassem a sua utilização.

Próximos passos
A PEC já havia sido aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania quanto à sua admissibilidade. Agora, será analisada pela comissão especial quanto ao mérito, antes de ser votada em dois turnos pelo Plenário.