Saúde Descaso
Menina vai para UTI após ser mandada 3 vezes para casa na UPA de Bento
Criança de apenas 10 anos recebeu atendimento como se tivesse virose, quando estava com uma apendicite aguda, com risco iminente de ruptura.
21/03/2024 16h01 Atualizada há 2 meses
Por: Marcelo Dargelio

Em um incidente que destaca a negligência e a falta de eficiência no atendimento médico nas unidades públicas de saúde de Bento Gonçalves, uma menina de 10 anos está internada na UTI do Hospital Tacchini após ser mandada três dias seguidos para casa pelos médicos da Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas e no PA São Roque. Ela estava com apendicite aguda, prestes a estourar, e o caso vinha sendo tratado como virose pelos profissionais.

A menina foi levada pelos pais pela primeira vez ao Pronto Atendimento (PA) da Zona Norte na madrugada de domingo, 17 de março, apresentando fortes dores abdominais, acompanhadas de febre, diarreia e vômito. A despeito dos sintomas alarmantes, o atendimento médico no PA Zona Norte rotulou o caso como uma simples virose, prescrevendo medicamentos para a dor e dispensando a paciente para casa. Um padrão de negligência se repetiu no dia seguinte, segunda-feira, 18 de março, quando a família buscou auxílio na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 Horas, recebendo o mesmo diagnóstico e sendo novamente enviada para casa.

A situação piorou consideravelmente na terça-feira, 19 de março. Diante da continuidade das dores, o pai levou a menina primeiramente ao PA São Roque e, em seguida, à UPA 24 Horas, onde ela foi finalmente submetida a um raio-X e exames de sangue. No entanto, mesmo com estes procedimentos adicionais, a criança foi mais uma vez mandada para casa, desta vez medicada com paracetamol e outros dois medicamentos, sem um diagnóstico adequado da causa real de seu sofrimento.

A persistência e o agravamento dos sintomas levaram o pai a buscar um exame particular na quarta-feira, 20 de março, que revelou uma apendicite aguda, com risco iminente de ruptura. No diagnóstico, a médica informou que o apêndice da paciente já estava três vezes maior do que o de um adulto e poderia estourar a qualquer momento. A gravidade da situação só foi reconhecida após uma intervenção direta junto ao secretário de saúde, Gilberto Junior, que finalmente encaminhou a internação da menina.

Continua após a publicidade

A criança só foi submetida a uma cirurgia de urgência na manhã desta quinta-feira, 21 de março, estando atualmente internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Tacchini. Este caso não apenas revela falhas significativas na capacidade de diagnóstico e resposta das unidades de saúde locais, como também sublinha a necessidade urgente de revisões nos protocolos de atendimento e na formação médica para evitar que tais situações se repitam.

A comunidade de Bento Gonçalves agora exige respostas e medidas concretas das autoridades de saúde, buscando assegurar que a população tenha acesso a um atendimento médico de qualidade, capaz de identificar e tratar emergências médicas com a devida urgência e competência. Este incidente serve como um alerta doloroso sobre as consequências potencialmente fatais da negligência no sistema de saúde pública.