A Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) chocou alunos e professores ao divulgar o encerramento de todos os seus programas de pós-graduação stricto sensu. O anúncio abrange cinco cursos de mestrado e quatro de doutorado, onde os estudantes matriculados poderão concluir suas atividades, mas não haverá admissão de novos alunos. Cerca de 65 docentes foram demitidos, sendo 50 de campi no Rio Grande do Sul.
A instituição, que possui programas de pós-graduação em áreas como Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde, Educação, Ensino de Ciências e Matemática, Odontologia, e Promoção da Saúde, Desenvolvimento Humano e Sociedade, comunicou a decisão por meio de um e-mail à comunidade acadêmica na última quinta-feira, 21. A mantenedora da universidade, Aelbra, justificou a medida como parte de um "projeto de reestruturação organizacional implementado pela nova gestão" para garantir a sustentabilidade e o equilíbrio econômico da instituição.
A notícia surgiu um dia após a aprovação de um novo plano de recuperação judicial entre os credores da Ulbra. Uma mudança significativa nesse plano foi a retirada da venda do curso de Medicina da lista de bens a serem liquidados. A doutoranda em Odontologia, Elisa Coelho, comentou que a decisão "pegou todos de surpresa", especialmente considerando que o processo seletivo para novos alunos ocorreu normalmente neste semestre. Ela ressaltou a preocupação de alunos que planejavam continuar seus estudos na instituição.
Em nota para GZH, a Aelbra informou que tem adotado medidas para equacionar o passivo desde 2022, “preservando o maior patrimônio, que é a oferta de um ensino de qualidade, recentemente avaliado com nota máxima pelo MEC (Ministério da Educação)”. A mantenedora apontou que tanto a demissão de docentes como a descontinuidade dos PPGs estão inseridas no contexto da recuperação judicial que vive a instituição, mas que os atuais alunos “têm a total garantia da conclusão dos cursos em andamento, sem qualquer prejuízo acadêmico”. A gestora garante ainda que pagará de imediato as rescisões fruto dos desligamentos.
O Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) está acompanhando de perto a situação dos professores demitidos. Está prevista uma reunião com os demitidos nesta quarta-feira, 27, para entender melhor o impacto nas diversas áreas acadêmicas.
A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) destacou que o caso da Ulbra se soma a outros fechamentos de programas de pós-graduação ocorridos no ano passado em instituições como a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), indicando uma crise na Educação Superior, especialmente nas instituições comunitárias no estado.
A ANPG defende a necessidade urgente de um plano de reestruturação para esses programas e insta a universidade a compartilhar dados sobre a real situação dos programas para desenvolver alternativas viáveis para a continuidade de programas que têm conceito cinco, considerado de excelência nacional. A entidade coloca sua ouvidoria à disposição para orientar estudantes sobre possíveis medidas judiciais em caso de prejuízos acadêmicos causados pelas demissões.