A angústia da separação e a insônia que a acompanharam durante uma longa semana finalmente chegaram ao fim para a família do engenheiro civil Luciano Graicer, de 61 anos. Hoje, uma manhã repleta de emoção marcou o retorno de seu filho, Rafael Graicer, da cidade de Ra'anana, Israel, onde ele passou três meses.
O motivo de tamanha ansiedade foi o agravamento do conflito entre Israel e o grupo Hamas, que teve início no último sábado, 07 de outubro, e já causou mais de três mil mortes. Rafael estava em Israel por motivos de estudo e trabalho, mas quando o conflito intensificou, a preocupação da família aumentou consideravelmente. “Foi difícil convencê-lo a voltar. Só conseguimos quando eu e a mãe dele pedimos. A mãe estava além de desesperada, estava fora de si. Ela não conseguia mais fazer absolutamente nada. E foi ela quem o convenceu a retornar”, contou Luciano a jornalistas, na Base Aérea de Guarulhos, em São Paulo. “Ele percebeu nosso desespero e concordou em voltar”, acrescentou.
Rafael estava planejando ir a uma festa rave chamada Universo Paralello, realizada perto da Faixa de Gaza. No entanto, ele acabou sendo convocado para trabalhar em um hotel. Mais tarde, ele ficou sabendo que militantes do Hamas haviam entrado em território israelense, resultando em um trágico ataque que tirou a vida de mais de 260 pessoas na festa rave. Um amigo de Rafael ficou ferido durante o incidente.
“Alguns dias antes, ele me disse: ‘pai, estou indo a uma festa. Haverá um grande grupo de brasileiros, mais de 100 pessoas. Todos estão indo para a festa’. No sábado de manhã, ele me ligou e me acordou dizendo: ‘eu não fui à festa’. Eu nem sabia o que estava acontecendo. Ele me pediu para ligar a TV para entender o que estava acontecendo [com o conflito]. Mais de 50 amigos brasileiros dele estavam naquela festa. Um deles, que dormia no mesmo quarto, foi ferido por granadas”, relatou Luciano.
A chegada de Rafael no Brasil foi marcada por emoções intensas, à distância e separados por uma grade, que não conseguia conter a emoção de reencontrar o filho. Parentes, amigos e passageiros que compartilharam o voo expressaram suas alegrias com acenos, abraços e lágrimas.
O terceiro voo de repatriação de brasileiros que estavam em Israel chegou à Base Aérea de Guarulhos por volta das 11h30 desta sexta-feira, 13. Esta ação faz parte de uma missão do governo federal, que tem como objetivo trazer de volta ao Brasil os brasileiros que desejaram deixar a região de confronto entre o grupo Hamas e Israel.
O mesmo voo da Força Aérea Brasileira (FAB) integra a chamada Operação Voltando em Paz. Ao total, 69 brasileiros retornaram ao país com essa missão, sendo que cinco deles desembarcaram em Recife mais cedo, às 6h07 da manhã. O avião partiu de Recife às 8h33, transportando 64 passageiros com destino a São Paulo, incluindo duas mulheres grávidas.
Todos esses passageiros embarcaram em Tel Aviv, Israel, às 11h55 do dia anterior e fizeram escalas em Lisboa, Portugal, e Cabo Verde antes de chegarem ao Recife hoje de manhã.
Dos 69 passageiros, 29 são provenientes de São Paulo, enquanto os demais continuam em viagem para seus estados de destino. A FAB disponibilizou um ônibus para transportá-los da Base Aérea até o aeroporto de Guarulhos.
De acordo com a FAB, até o momento, todas as aeronaves envolvidas na Operação Voltando em Paz repatriaram com segurança um total de 494 passageiros. A primeira aeronave trouxe 211 passageiros, seguida pela segunda aeronave com mais 214.
O conflito na região do Oriente Médio, envolvendo Israel e Palestina, entra em seu sétimo dia, com bombardeios contínuos na Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 milhões de palestinos. Até o momento, as autoridades locais contabilizam 1.200 mortes e mais de 5.000 feridos, com pelo menos 180.000