As crianças, adolescentes, adultos e idosos com deficiência física assistidas pela Associação de Deficientes Físicos de Bento Gonçalves (ADEF) e que tiveram encaminhamento via SUS deixarão de ser atendidas pela entidade a partir do dia 18 de outubro. Após o encerramento da validade do projeto junto ao PRONAS PCD, do Ministério da Saúde, a associação buscou uma solução junto ao poder público para manter os atendimentos, porém a prefeitura não contemplou a entidade com credenciamento. Portanto, cerca de 70 pessoas com deficiência voltarão à extensa fila do SUS para serem devidamente atendidos.
Conforme a coordenadora da ADEF, Andressa Ben, a entidade foi contemplada com o projeto "Aprimorando a Reabilitação" junto ao Programa Federal PRONAS PCD, do Ministério da Saúde, no ano de 2021, com validade para para dois anos. "Durante esses dois anos a ADEF pôde ofertar sem custo nenhum para a comunidade de Bento Gonçalves, em especial às pessoas com deficiência física e neurológica associada, atendimento nas áreas de psicologia clínica, terapia ocupacional, fonoterapia neurofuncional, serviço social, fisioterapia neurofuncional e educação física para reabilitação", relata a coordenadora, que complementa:
"Os atendimentos para reabilitação ajudaram a desafogar as filas de espera do município, conforme acordo de regulação assinado com o poder público municipal. Ou seja, todo e qualquer paciente, para que pudesse receber atendimento pela associação, deveria, necessariamente, ter encaminhamento via SUS", explica Andressa.
No dia 18 de outubro, o projeto se encerra. Na tentativa de manter os atendimentos para esses pacientes, a ADEF buscou estreitar laços com o poder público municipal através do Credenciamento 027/2022, o qual é específico para o atendimento de pacientes neurológicos, inscrevendo-se no início do ano. No entanto, a entidade não foi contemplada. "A partir dessa data, 70 pessoas com deficiência física e neurológica associada voltarão às filas de espera do município, dentre elas crianças, adolescentes, adultos e idosos", destaca Andressa.
Alguns pais de crianças que são atendidas pela entidade entraram em contato com a reportagem do NB Notícias mencionando a preocupação com o fim dos atendimentos e o impacto que pode causar com a paralisação, sobretudo com pacientes que são autistas. "Estamos sem o que fazer, pois minha filha é autista e é super bem atendida e esses atendimentos que a ADEF oferece a APAE não atende", comenta mãe de uma das pacientes que deixará de ser atendida pela entidade.
Segundo a prefeitura, a negativa se deu porque o credenciamento 27/2022 é especifico para pacientes neurológicos (fisioterapia e outras especialidades). "A ADEF não pode entrar nesse edital em virtude de a Prefeitura já ceder o profissional de fisioterapia para instituição", explica a assessoria.
Ainda segundo a prefeitura, a Secretaria de Saúde já assinou a documentação comprovando que a ADEF realiza esse atendimento. "Ainda não tivemos nenhuma notificação da associação sobre a paralização deste serviço. Se for necessário a prefeitura irá adequar o serviço para atender estes pacientes. Mas é necessário conversar com a instituição para verificar a melhor solução", explica o poder público.
Ao contrário do que diz a nota, a entidade assistencial já fez contato com a prefeitura, inclusive em reunião com o prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira, e com o secretário-adjunto de Desenvolvimento Social, Wagner Dalla Valle, porém ainda sem retorno para buscar soluções para o problema.
No dia 10 de outubro, a ADEF fará uma reunião com os responsáveis pelas pessoas com deficiência que deixarão de ser atendidas pela entidade, com o objetivo de informar aos pacientes e familiares todos os motivos e os movimentos feito pela ADEF. O encontro ocorre às 13h30, na sede da associação.