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Congresso da UNE chega à reta final com definição de propostas de ação
Escolha da futura diretoria da entidade será definida no domingo
15/07/2023 19h15
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Brasil
© Foto Antônio Cruz / Agência Brasil.

Às vésperas do encerramento do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), lideranças do movimento estudantil ouvidas pelaAgência Brasilreafirmaram a importância do evento, que classificam como “o maior encontro político da juventude brasileira”.

“Acreditamos que, este ano, o congresso tem sido vitorioso. Seja pela programação política que contou com convidadas e convidados como o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, seja pela forte presença institucional, incluindo a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, disse a presidente da UNE, a amazonense Bruna Brelaz, lembrando que a última vez que um chefe do Poder Executivo brasileiro compareceu ao evento foi em 2009, quando o próprio Lula prestigiou o encontro.

Segundo a UNE, cerca de 10 mil estudantes de todo o país estão em Brasília, desde a última quarta-feira (12) para o encontro. Após uma extensa agenda de debates, atividades culturais e atos políticos – a exemplo do protesto de sexta-feira (14), em frente ao Banco Central, alvo de críticas por manter alta a taxa básicas de juros – os estudantes participam, hoje (15) e amanhã (16), da plenária em que serão votadas as principais propostas de ação da entidade.

Neste domingo, também serão escolhidas a futura presidência e diretoria da entidade para os próximos dois anos.

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“Temos dividido nossa pauta entre as demandas que consideramos emergenciais e aquelas estruturantes”, explicou Bruna Brelaz, destacando que o congresso entrou hoje em sua fase “mais bonita”.

“É o momento de maior mobilização, o mais tensionado, já que há diferentes opiniões e expectativas, o que representa a diversidade do movimento estudantil do país e a capacidade da UNE de representar esta multiplicidade.”

Para o gaúcho Tiago Morbach, da União da Juventude Socialista (UJS), a presença de tantos estudantes de diferentes regiões do país confirma a capilaridade da UNE, que completa 86 anos este ano.

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“O congresso cumpre um papel muito importante, transmitindo uma mensagem do movimento estudantil, da juventude brasileira, que está mobilizada para construir as transformações de que o Brasil precisa neste novo momento político”, disse Morbach, reforçando a opinião de Bruna Brelaz sobre a diversidade de propostas e a intensidade dos debates.

“É durante a plenária final do congresso que aflora a democracia que caracteriza a UNE. A quantidade de opiniões deve ser vista com otimismo e respeito”.

Já a vice-presidente da UNE, a carioca Júlia Aguiar, ressaltou os desafios que a entidade e o movimento estudantil como um todo enfrentaram ao longo dos últimos anos para dimensionar a importância do atual congresso.

“Devido à pandemia, fomos impedidos de realizar o encontro presencialmente por quatro anos. Mesmo assim, não só voltamos a organizar um evento gigante, como construímos o processo de escolha da futura diretoria. Tudo isso é de fundamental importância para a renovação do movimento estudantil. Muitos estudantes estão participando de seu primeiro encontro em um contexto político que nós, que defendemos uma educação mais inclusiva e democrática, consideramos melhor. Até porque, no último período, obtivemos uma vitória fundamental: a derrota do neofascismo e do bolsonarismo. Ainda que saibamos que a extrema-direita siga organizada”, comentou Júlia, que integra o Levante Popular da Juventude, próximo ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a outras organizações sociais do campo.

Prioridades

Ao comparecer ao Congresso da UNE, o presidente Lula recebeu de representantes do movimento um documento com algumas das principais reivindicações estudantis para os próximos anos. Nas palavras do presidente, a pauta é "longa, árdua e apimentada".

Segundo a presidente da entidade, Bruna Brelaz, as propostas - incluindo algumas que seguem em debate - estão divididas entre as consideradas emergenciais (como a transformação do Programa Nacional de Assistência Estudantil em lei nacional) e as estruturantes (a exemplo da criação da Universidade da Integração da Amazônia, com investimentos massivos em ciência e tecnologia). Além disso, durante a plenária, cada entidade defende as ações que considera prioritárias, conforme explicou Tiago Morbach.

“Nós, da UJS, por exemplo, buscamos que seja aprovada a proposição de uma reforma universitária que permita às instituições de ensino assumir um novo papel no desenvolvimento nacional, participando ativamente do enfrentamento à fome e à miséria. E que a UNE intensifique seu papel de mobilizadora social”, disse Morbach antes de comentar a reação presidencial ao documento preliminar:

"Eu, de fato, considero a pauta que entregamos ao Lula como, digamos, bem temperada. Ficamos muito felizes por o presidente ter reconhecido isso, pois pretendemos abrir um canal de diálogos com o governo a fim de que as reivindicações dos estudantes sejam levadas adiante. Não esperamos que elas sejam tiradas do papel sem que os estudantes estejam mobilizados e pressionando os governos, o Congresso Nacional e até mesmo o Banco Central".

Já Júlia Aguiar elencou algumas das pautas defendidas pelo Levante Popular da Juventude no congresso:

“Nossa expectativa é de que, além de seguir mobilizando os estudantes em todo o país, possamos barrar retrocessos. Que revoguemos a Reforma do Ensino Médio e consigamos imprimir, na atual gestão federal, um projeto de educação que leve em consideração o fruto de nossos debates, fortalecendo as entidades de estudantes, que foram muito fragilizadas no último período”.