Com o objetivo de auxiliar dependentes químicos e seus familiares, o grupo de mútua ajuda Braços Abertos conta com reuniões semanais que visam salvar vidas que estão presas ao vício do álcool ou das drogas. Atualmente, o projeto conta com um grupo localizado no bairro Municipal, em parceria com a OBPC Bento e a Cruz Azul no Brasil, que capacitou 22 pessoas no município para prestar apoio às pessoas que almejam se desprender do vício.
O grupo é coordenado por Kelvin Alves, o qual já fez prestou auxílio a dependentes químicos na Comunidade Terapêutica Batista Betel, em Bento, onde germinou a semente do projeto. Após dois anos, um novo recomeço, agora ligado com a OBPC Bento, foi dado com a idealização do grupo de ajuda Braços Abertos.
As pessoas voltadas ao auxílio de dependente químicos do grupo passaram por um treinamento com a Cruz Azul, instituição mundial voltada para ajudar cidadãos presos ao álcool ou à droga. “No Brasil a Cruz Azul foi fundada em 1995 e realizam esse trabalho de forma muito intensiva, abrindo grupos por todo o país. Uma turma de 22 pessoas fez essa capacitação em Bento para trabalhar nesta área para mudar essa realidade que muitas pessoas sofrem”, relata Kelvin.
Além do dependente químico, o grupo também visa auxiliar a família em torno desta pessoa que necessita de ajuda para se desprender do vício. “Ela se torna uma doença, então a gente tem todo cuidado de tratar toda a família, não só o dependente. Se a família não tem esse entendimento que é uma doença acabam brigando, acabam descartando essa pessoa. A família tem papel importante de compreender, pois é uma união de várias frentes. Tem o grupo de mútua ajuda, tem internações, quando necessário, a fé, a espiritualidade e a família. É uma união de esforços”, ressalta o coordenador.
O grupo, segundo Kelvin, tem por intuito dar esperanças a essas pessoas que almejam se libertar do vício, oferecendo um ambiente seguro, acolhedor, prezando, sobretudo, pelo sigilo. “Não lidamos como pacientes e sim como amigos. Já atendemos quatro casos e já temos resultados positivos. É tudo na base da conversa, de ouvir, proporcionar um lugar seguro para que possam desabafar, colocar para fora suas angústias, aflições. Durante a semana você já percebe a mudança no semblante da pessoa. Realmente eles encontram uma motivação, mudam o ciclo de pessoas, é um ambiente livre da droga. Começam a pensar diferente e acabamos nos tornando uma família”, explica.
O coordenador pondera que o primeiro passo, tanto para o dependente químico como para a família, é reconhecer a dependência para, posteriormente, agir para combater esse vício. O grupo, portanto, é uma alternativa para a libertação do álcool e da droga por meio do acolhimento.
“O fracasso não é quando a gente falha, é quando a gente desiste. O primeiro ponto é reconhecer que tenho um problema, isso para tudo na vida. Se não reconhecer já barra todo o resto. É muito difícil olhar para si e reconhecer isso. Me torno escravo de tudo aquilo que não consigo dizer não. Reconhecendo isso é tomar uma decisão, que envolve muitas coisas, e uma delas é decidir mudar, e o grupo é o mais indicado”, destaca Kelvin.
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O grupo também é indicado para pessoas que já passaram por internação como forma de assistência para evitar recaídas, o que ocorre em muitos casos. Os encontros ocorrem toda a quinta-feira, a partir das 19h30, na Rua Anunciante Antinolfi, nº 435, no bairro Municipal. Os interessados em participar do grupo podem entrar em contato nos fones (54) 99143-4740 ou (54) 99910-9649.
A própria experiência como motivação para ajudar o próximo
Na família de Kelvin Alves, o vício do álcool esteve presente em várias gerações. O coordenador, que também já foi um dependente químico, resolveu quebrar a tendência na família se libertando do vício e passando a utilizar a própria experiência para auxiliar outras pessoas.
“Já tive casos na família e já tive caso na minha própria vida pessoal. Vinha numa linhagem, com meu avô que passou pela experiência do alcoolismo, meu pai e chegou na minha geração e foi através da fé que decidi que iria quebrar isso na minha geração. Num ato simbólico amassei um copo plástico e falei para eu mesmo que iria terminar aqui e agora. Hoje tenho três filhas e para a geração futura espero que esteja quebrado esse mal”, relata Kelvin.
Através de sua própria experiência de vida e libertação, Kelvin passou a auxiliar outras pessoas presas ao vício, o que se tornou um propósito de vida. “O cuidado com o próximo está cada vez mais esquecido. É uma vida que está ali, não é só um número. É um propósito de vida fazer algo a mais pelo meu próximo. Assim como a minha vida foi transformada, tirando-me de uma situação de ‘lixo humano’, como costume dizer, espero fazer o mesmo ao próximo”, pondera.
Assim como a Comunidade Terapêutica Batista Betel plantou a semente em Kelvin, por meio do auxílio de Rui Bauer e Fábio Sberse, o coordenador do grupo Braços Abertos almeja germiná-la para que novas vidas sejam transformadas, desta vez, por meio da parceria com a OBPC Bento, nos nomes de Jeferson Souza e Daniel Pereira, os quais abraçaram a ideia e disponibilizaram a estrutura, bem como com a ajuda da Cruz Azul, que realizou toda a capacitação.