O envolvimento de um policial militar foi confirmado nos casos análogos à escravidão ocorridos em Bento Gonçalves no mês de fevereiro, onde 207 trabalhadores foram resgatados pelo Ministério do Trabalho, com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF). Durante investigação feita pela Corregedoria da Brigada Militar, ele foi identificado como sendo um dos seguranças da pousada do trabalhador e também o responsável pelas agressões e intimidações aos trabalhadores no local.
O policial de 39 anos (o nome dele ainda não será divulgado, pois é considerado apenas suspeito dos crimes até o momento) foi afastado dos serviços de rua pelo comando do 3º BPAT. Considerado um policial exemplar, ele foi homenageado em 2021 pelos bons serviços prestados junto à comunidade bento-gonçalvense. Ele seria o segurança principal e responsável pelas agressões e intimidações aos trabalhadores baianos que estavam na "Pensão do Trabalhador", no bairro Borgo. Quando questionado a prestar depoimento, o policial militar preferiu permanecer em silêncio.
O envolvimento do policial militar teria sido o motivo dos trabalhadores que fugiram do alojamento fazerem a denúncia de trabalho escravo na cidade de Caxias do Sul e para agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Eles temiam represálias dos órgãos de segurança de Bento Gonçalves, já que, segundo os trabalhadores, Pedro Oliveira Santana dizia que "tinha a Brigada Militar na mão".
A prisão preventiva do policial foi solicitada, porém, à 1ª Auditoria da Justiça Militar (que fica em Porto Alegre). Mas o juiz que atua no caso, Francisco José de Moura Müller, decidiu declinar da competência para apreciar o pedido. Ele considera que o possível envolvimento do soldado com trabalho análogo à escravidão é delito que deve ser analisado pela Justiça Federal.
A Corregedoria da BM também investiga a possibilidade de participação de outros PMs nos casos análogos à escravidão, onde eles ajudariam a acobertar os casos de maus tratos e agressões que ocorressem na pensão do trabalhador. Mais de 70 servidores da BM apuram se houve aliciamento de policiais militares por parte de empresários da Serra também em outras situações além do caso análogo à escravidão. Eles buscam indícios e tomam depoimentos de civis e militares (esses últimos, vinculados ao 3º Bpat). Dezenas deles já foram ouvidos.