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Carnaval é uma brincadeira levada a sério, diz diretor da Aruc
Escola de samba é a mais tradicional de Brasília
19/02/2023 20h10
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Brasil
© Valter Campanato/Agência Brasil

Carnaval é brincadeira. Mas é também coisa séria. Afinal, não é fácil organizar a bagunça que, ao mesmo tempo, é a tradição e a essência libertária do carnaval. Em termos de tradição, nenhuma escola de samba da capital federal se iguala à Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro, a Aruc. A escola detém mais de 30 títulos, sendo oito consecutivos de 1986 a 1993.

E hoje (19) é dia de mais um evento que marca a tradição da Aruc, o desfile que, historicamente, a escola faz todo domingo de carnaval para a sua comunidade, antes do desfile principal com as demais escolas de samba na avenida.

“É nele que apresentamos enredo, alegorias, bateria, mestre-sala e porta-bandeira, além de passistas, destaques e alas para as pessoas que nem sempre podem acompanhar o nosso desfile na avenida”, explicou à Agência Brasil o diretor de carnaval da Aruc, Cleuber Oliveira.

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Foliões aguardam desfile da Aruc -Valter Campanato/Agência Brasil

Nesta edição de 2023, os desfiles das escolas de samba não serão em fevereiro, mas entre os dias 20 e 21 de abril, data em que Brasília comemora seu aniversário.

A mudança de datas, no entanto, não vale para o tradicional desfile que é feito para a comunidade do Cruzeiro, bairro localizado nas proximidades do Plano Piloto. Tudo já estava a postos no início da tarde para o trajeto de poucos quilômetros até a Feira do Cruzeiro, onde a escola de samba sempre encontra o também tradicional bloco Gagá...Vião.

Samba, cerveja e futebol

Bloco e escola de samba têm uma história conjunta de amigos que amam futebol, cerveja e, como não podia deixar de ser, samba.

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Os primeiros passos do diretor Cleuber Oliveira na Aruc não foram exatamente de samba. “Foram nas atividades esportivas promovidas na associação”, lembra o diretor que, na sequência, integrou a bateria da escola.

Essa paixão pelos três elementos (samba, cerveja e futebol) é quase unanimidade entre a “velha guarda” do Cruzeiro, conforme explica o presidente do bloco Gagá...Vião, Gildo Seixas, 59 anos.

“Nosso bloco preza por manter a tradição com o pessoal das antigas aqui do Cruzeiro, que, todos sabem, é o bairro mais carioca de Brasília. Nós mantemos a turma antiga sempre junta neste e em outros eventos. Os encontros sempre envolvem samba, futebol e cerveja”, diz o presidente do bloco, que é também professor de futebol e ex-jogador de futsal.

Segundo ele, a Aruc é “a vida do carnaval e do futebol da cidade”, uma vez que foi ali que muitos dos craques do bairro foram formados. “Um dos integrantes do nosso grupo foi, inclusive, goleiro do Fluminense e da seleção brasileira”, disse ele referindo-se ao arqueiro Paulo Victor.

Eterna fantasia

Zeca Pagodinho de Brasília -Valter Campanato/Agência Brasil

Outra personalidade do bairro, que integra este seleto grupo de amigos, é o servidor da Secretaria de Saúde, músico e produtor de eventos Gilberto Grillo, um folião que passa o ano inteiro vivendo a fantasia do personagem “Zeca Pagodinho de Brasília”.

O apelido, ele carrega desde a infância, quando já se parecia com o ídolo. “Eu tinha aquele cabelinho Chitãozinho & Chororó que o Zeca usava na época”, lembra o criador da versão brasiliense do pagodeiro carioca.

“Passo o ano inteiro fantasiado de Zeca Pagodinho. E, no carnaval, me fantasio do que sou o ano inteiro, na vida real”, diz o músico, que toca pandeiro no grupo Força Maior Bsb. Em meio à entrevista concedida à Agência Brasil, alguns amigos do Zeca de Brasília confirmaram que todas as roupas usadas por ele no dia a dia são escolhidas tendo, como referência, o original carioca.

O personagem brasiliense, no entanto, faz questão de apontar uma diferença: “O outro é botafoguense e gosta de Brahma. Eu sou tricolor e bebo Skol”, brinca.

Dobro do amor

Vestindo uma camisa da Aruc, enquanto aguardava a chegada da escola de samba Aruc no espaço montado pelo bloco Gagá...Vião, a babá Célia Regina Fernandes disse que a mistura dessas duas entidades carnavalesca do Cruzeiro a ajudam a potencializar ainda mais suas grandes paixões.

“Essa camisa que estou usando representa a minha identidade. Samba e carnaval são elementos muito importante em minha vida. O samba é o ano inteiro, e o carnaval é o clímax de tudo. E essa mistura do bloco Gagá...Vião com a Aruc representa, para mim, o dobro do amor”, explicou a babá.