Geral Safra da Uva
Com uvas sadias, safra de 2023 deve manter boa qualidade
Sem grandes prejuízos até o momento, expectativa é de que seja uma safra dentro da normalidade, com poucas perdas, caso o clima colaborar nos próximos meses.
05/01/2023 14h46
Por: Kevin Sganzerla Fonte: NB Notícias
Foto: Acervo Miolo Wine Group

Com as uvas se aproximando do seu ponto de maturação, em poucos dias Bento Gonçalves e região vão iniciar o período da vindima. A previsão é de que a safra de 2023 consiga manter a qualidade e com poucas perdas durante a colheita. Sem graves problemas sanitários e com poucos prejuízos devido ao clima até o presente momento, a expectativa é que os produtores consigam bons resultados qualitativos. Em termos de quantidade, é cedo ainda para realizar uma análise precisa, uma vez que grande parte das variedades cultivadas na região são médias e tardias. 

Na safra anterior, houve uma queda de 7% na produção em relação a 2021, com um total de 683.766.221,61 quilos de uvas viníferas, americanas e híbridas, conforme dados do Sistema de Declarações Vinícolas (Sisdevin). A elaboração de vinhos aumentou em 11,6%. 

Conforme o chefe do Escritório do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Thompson Didoné, a safra anterior obteve boa qualidade e uma quantidade acima de uma safra normal. Para esse ano, a expectativa é que a qualidade seja preservada, uma vez que houve poucos prejuízos. “Até agora, não temos problemas sanitários com a uva. Tivemos um período que teve um pouco de ataque de Mildio, que é uma doença fúngica, que prolifera principalmente em períodos mais secos, mas foi controlada”, comenta. 

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As uvas precoces, até o presente momento, estão significativamente sadias, de acordo com a avaliação de Thompson. As médias e tardias ainda é cedo para avaliar, uma vez que o clima ainda pode impactar durante o período de maturação das uvas. 

“Nesta semana inicia a colheita de uvas como Chardonnay, Pinot Noir e Silvaner, que são destinadas para espumantes. A sanidade está muito boa. Elas são propensas a serem atacadas por podridões, mas quase não tivemos registros. Ainda é cedo para avaliar e falar em quantidades. A nossa uva de maior produção, que é a Isabel, vai ser colhida daqui um mês e pouco. É a que mais representa em termos de quantidade”, explica. 

Em relação ao clima, dois fatores impactaram na produção das uvas. “Conforme a variedade e o período de floração, algumas variedades floresceram no período de chuva, o que provocou um pouco de abortamento floral. A Niágara e a Bordô principalmente são variedades que podem ter a safra um pouco menor, mas nada alarmante. As demais variedades médias e tardias é cedo para avaliar. Caso tivermos chuvas até lá teremos diferenças na produtividade”, relata. 

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Ainda a respeito das condições climáticas, Thompson afirma que há locais na região em que houve menor pluviosidade, no entanto pondera que a uva se adapta a períodos secos. “Não temos registros de maiores prejuízos em decorrência da seca. Pode ter algum vinhedo com solo mais raso que esteja sofrendo um pouco. A safra tende a ser uma safra normal, com uma pequena diminuição nas variedades precoces, mas pode ser que as variedades médias e tardias compensam, mas é cedo para falarmos em termos de quantidade. Em relação à qualidade, por enquanto, a uva está muito sadia, com a expectativa de elaboração de ótimos produtos”, avalia. 

O presidente do Sindicato Rural da Serra Gaúcha, Elson Schneider, afirmou que será uma safra média em termos de quantidade, mas de boa qualidade. “Acreditamos que seja uma safra mediana. Quanto à qualidade, algumas precoces se desenham muito bem com uma excelente qualidade, pois esses últimos períodos contaram com chuvas de 30 a 40mm a oito a oito dias, o que é muito importante para videira, e à noite está fazendo temperaturas baixas, fazendo com que a uva tenha uma boa maturação. Além disso, os parreirais não estão tão carregados”, analisa Elson. 

O mandatário do sindicato torce para que o tempo continue colaborando para que não haja perdas em relação as variedades médias e tardias, desta forma, auxiliando os produtores rurais a terem bons resultados na colheita. “O produtor rural vive de esperanças, porque é uma empresa a céu aberto. Por isso nosso produtor rural é muito fervoroso, tem muita fé, reza muito, pois temos que depender do tempo”, relata.