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Oposição defende devolução de MP que adia socorro financeiro ao setor cultural
Wesley Amaral/Câmara dos Deputados Alencar Santana considera a MP inconstitucional por não cumprir critérios de urgência e relevância Parlamentar...
31/08/2022 15h40
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Câmara de Notícias
Alencar Santana considera a MP inconstitucional por não cumprir critérios de urgência e relevância - (Foto: Wesley Amaral/Câmara dos Deputados)

Parlamentares de oposição criticaram a MP 1135/22, que adia o pagamento das leis de socorro ao setor cultural: Lei Paulo Gustavo e Lei Aldir Blanc 2.  A MP foi editada na segunda-feira (29).

O líder da Minoria, deputado Alencar Santana (PT-SP), afirmou que os líderes de oposição já acionaram o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pedindo que a medida provisória seja devolvida. Ele considera a medida inconstitucional por não ter relevância ou urgência. “Que urgência e relevância há em uma lei cujos efeitos práticos só serão produzidos em 2023? Como pode baixar uma medida provisória suspendendo algo para o futuro, se precisa haver a relevância e a urgência?”, disse.

As duas leis determinam o repasse de recursos para prêmios, subsídios a manutenção de espaços culturais, e outras medidas de incentivo ao setor.

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Alencar Santana destacou que as duas leis foram vetadas integralmente por Jair Bolsonaro, mas tiveram os vetos derrubados após articulação com diversos partidos. “Nós não podemos aceitar esse ataque à cultura brasileira, aos nossos artistas, aos trabalhadores da cultura”, disse.

A líder do Psol, deputada Sâmia Bomfim (SP), também cobrou a devolução da proposta ao Executivo.  “Bolsonaro não pode modificar o caráter de uma lei através de medida provisória. É por isso que nós já pedimos para o Presidente do Congresso Nacional, Senador Rodrigo Pacheco, a imediata devolução dessa medida provisória”, disse.

Ela afirmou que a MP, além de adiar os repasses para 2023 e 2024, transformou uma lei que é obrigatória em lei autorizativa. “Os R$ 3 bilhões não serão obrigatoriamente repassados aos municípios para que o setor cultural possa desenvolver suas atividades. Isso vai ser algo opcional por parte do governo federal”, criticou.

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A deputada Erika Kokay (PT-DF) também criticou a medida. “Não podemos concordar nunca com o que o governo fez através de medida provisória contra a Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc 2, que nós temos que lutar para que seja rejeitada”, disse.

Adiamento de repasses
Além de adiar os repasses, a medida provisória condiciona a ajuda financeira prevista nas duas leis à disponibilidade financeira e orçamentária.

No caso da Lei Paulo Gustavo, criada para incentivar a cultura e garantir ações emergenciais, o repasse de R$ 3,86 bilhões deverá ficar para 2023. Se necessário, parte do valor poderá ser transferida pela União apenas em 2024. Não poderão ser estabelecidos patamares mínimos para cada um dos exercícios.

A MP altera ainda os prazos da  Lei Aldir Blanc 2, que agora passará a prever o envio de até R$ 3 bilhões anuais aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios de 2024 a 2028 – antes, o prazo começava em 2023. Esse valor só será repassado se a cada ano houver disponibilidade orçamentária e financeira.

A medida provisória também adia para 2023 e 2024 uma indenização a empresas do setor de eventos que tiveram redução superior a 50% do faturamento de 2019 a 2020, na pandemia. Limitado a R$ 2,5 bilhões, esse socorro consta do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), previsto na Lei 14.148/21.