Câmara dos Deputados Câmara dos Deputados
Deputados cobram fim de barreiras à instalação de sistemas de geração distribuída por consumidores
Billy Boss/Câmara dos Deputados Audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor Deputados cobraram da Agência Nacional de Energia Elétrica ...
22/06/2022 16h40
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Câmara de Notícias
Audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor - (Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados)

Deputados cobraram da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e das distribuidoras o fim das barreiras existentes para a instalação de sistemas de geração distribuída (GD) por parte de consumidores.

O assunto foi debatido nesta quarta-feira (22) na Comissão de Defesa do Consumidor, a pedido do deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP). Segundo convidados ouvidos pela comissão, as distribuidoras estariam criando obstáculos para a ligação dos sistemas de GD à rede elétrica, como descumprimento de prazos para a emissão do parecer de acesso à rede, para realização de vistoria de obras e até para o envio de documentos por sistemas eletrônicos.

Russomanno informou que a comissão vai enviar um ofício ao Ministério Público e à Polícia Federal solicitando a apuração do caso. “Essa comissão representará, sim, contra os diretores da agência, que têm mandato, por crime de prevaricação se as providências não forem tomadas na forma da lei e na forma que aprovamos”, disse.

O deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) disse ter conhecimento do problema. Ele foi o relator do projeto que deu origem ao marco legal da GD (Lei 14.300/22). “A gente percebe com clareza que a Aneel não está fazendo o papel de fiscalizar de maneira severa as distribuidoras”, afirmou.

Continua após a publicidade

Andrada e outros parlamentares, como Carla Dickson (União-RN) e Beto Pereira (PSDB-MS), defenderam a apresentação de um projeto de lei criminalizando a prática de subtração de créditos oriundos da geração distribuída, problema que também estaria afetando os consumidores.

Trabalho coordenado
Durante a audiência pública, o conselheiro regional da Associação Brasileira de Energia Elétrica Fotovoltaica (Absolar), Guilherme Susteras, afirmou que o crescimento da GD vem sendo coibido pelas barreiras impostas pelas distribuidoras. Para ele, existe uma ação organizada das concessionárias para dificultar o acesso dos consumidores à rede elétrica. “Isso é orquestrado, é um comportamento generalizado em mais de uma distribuidora”, disse.

O diretor adjunto do Centro-Oeste do Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel), Tarcísio Dário, cobrou da Aneel mais fiscalização sobre as distribuidoras e a uniformização dos processos de conexão de geração distribuída, o que seria feito pela agência reguladora. “Cada distribuidor está criando a sua regra, não há padronização ou uniformidade”, disse Dário.

Continua após a publicidade

Excesso de pedidos
Também convidadas ao debate, as concessionárias reconheceram problemas na execução de todos os pedidos de ligação, mas negaram haver um movimento coordenado. Segundo eles, o excesso de pedidos – em algumas distribuidoras o número subiu mais de 200% neste ano – e até a pandemia, que afetou o ritmo de produção de painéis solares na China, maior fornecedor mundial, respondem por boa parte dos problemas.

Para o diretor de regulação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Ricardo Brandão, os problemas são pontuais. “As distribuidoras têm feito um grande esforço em fazer o cumprimento da norma, e o número de conexões [já feitas] tem mostrado que isso tem acontecido”, disse.

O superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição da Aneel, Carlos Mattar, também admitiu atrasos no ritmo de execução das conexões, mas disse que a agência está acompanhando o processo. “O sistema é relativamente novo e necessita de muitos aprimoramentos”, afirmou. Mattar também garantiu que as reclamações dos consumidores são pequenas diante do universo de ligações de GD.

Atualmente, existem cerca de 1 milhão de unidades consumidoras ligadas a sistemas de geração distribuída, como casas e comércio. A potência instalada é de 11,3 gigawatts (GW). Para se ter uma ideia desse valor, a Usina de Itaipu tem potência instalada de 14 GW.