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Deputados e especialistas cobram inclusão de medicamento para mielofibrose no SUS
Elaine Menke/Câmara dos Deputados Tavares (no telão) disse que só pacientes dos planos de saúde têm acesso ao medicamento Deputados e médicos esp...
11/05/2022 18h56
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Câmara de Notícias
Tavares (no telão) disse que só pacientes dos planos de saúde têm acesso ao medicamento - (Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados)

Deputados e médicos especialistas defendem que o Sistema Único de Saúde (SUS) passe a usar o ruxolitinibe no tratamento da mielofibrose. O debate sobre a utilização do novo medicamento pelos hospitais da rede pública do País aconteceu em audiência pública conjunta das comissões de Seguridade Social e Família, e de Diretos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados.

A mielofibrose é um tipo raro de câncer que afeta as células responsáveis pela produção de sangue na medula óssea A incidência é de 1 caso a cada 200 mil pessoas. A doença atinge principalmente idosos acima de 65 e tem como principais sintomas anemia, inchaço do baço e do fígado, sudorese, febre, desânimo, entre outros. A sobrevida dos acometidos é de 2 a 5 anos em média.

O ruxolitinibe é uma droga relativamente nova, que aumenta a qualidade e o tempo de vida dos pacientes. Ele já foi aprovado e tem sido usado em vários países, como os Estados Unidos e outros da Europa.

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O médico e diretor da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, Renato Tavares destacou que, como já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Agência Nacional de Saúde (ANS), o medicamento também já é utilizado nos hospitais da rede privada brasileira. Mas ainda não foi liberado para uso em pacientes da rede pública do País, o que cria uma situação de desigualdade no tratamento entre ricos e pobres e prejudica principalmente a população mais necessitada.

“Quem tem convênio, ou seja, a medicina dos ricos permite que esses pacientes tenham acesso ao medicamento. E não é admissível que os pacientes do SUS, especialmente aqueles idosos, que são sua maioria, que contribuíram com seu suor para que este País se desenvolvesse, com seu trabalho, e hoje não conseguem ter acesso a essa medicação, que já é no mundo inteiro utilizada e já é aprovada no Brasil para quem tem convênio”, disse Tavares.

Judicialização
A deputada Flávia Morais (PDT-GO) apontou que a demora da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde em aprovar o ruxolitinibe para uso na rede pública prejudica não somente a população. Segundo a parlamentar, o próprio estado brasileiro sofre prejuízos, uma vez que os pacientes têm conseguido acesso ao medicamento com ações na Justiça.

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“Como foi aprovado pela Anvisa, esse medicamento acaba sendo entregue ao paciente, mas de uma forma mais difícil para todos. Porque a judicialização traz uma demora para o paciente receber o medicamento. E esse medicamento acaba ficando com um custo mais alto para o poder público, porque ele não participa de um processo licitatório que permita a aquisição com preço menor”, explicou a deputada.

Para o deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO), o Ministério da Saúde precisa estar mais atento e acompanhar o avanço da ciência para proporcionar melhor atendimento à população.

“O próprio Ministério não acompanha a evolução da medicina, dos medicamentos. Hoje nós temos melhores condições de dar maior qualidade de vida para o paciente, com menos efeitos colaterais e com efeito mais produtivo, por assim dizer, mais eficaz”, afirmou Calil.

Flávia Maoli: o ruxolitinibe traz qualidade de vida aos pacientes - (Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados)

Qualidade de vida
Presidente do projeto Camaleão, ONG de auxílio no tratamento de câncer, Flávia Maoli lembrou uma conversa que teve com um paciente para também defender o uso do ruxolitinibe na rede pública do SUS.

“A pessoa disse: só me lembro que tenho câncer quando eu tomo remédio. E esse é o sonho de qualquer paciente com câncer. Porque a gente sabe que o câncer é uma doença muito desafiadora, é uma doença com muitos sintomas e efeitos colaterais do próprio medicamento. E o ruxolitinibe traz essa qualidade de vida, com um mínimo de efeito colateral", disse.

A mielofibrose só é curável mediante o transplante de medula óssea, mas muitos pacientes, principalmente os mais idosos, não podem receber esse tipo de tratamento. Por isso as drogas paliativas são necessárias para melhorar qualidade e aumentar o tempo de vida dos pacientes.