Geral Situação crítica
Falta de gestão deixa UPA de Bento Gonçalves à beira de um colapso
Prefeitura não consegue resolver o problema da falta de pediatras para atender a demanda. Espera de pacientes chegou a mais de 8 horas no domingo.
25/04/2022 09h24 Atualizada há 3 anos
Por: Marcelo Dargelio

A crise no atendimento pediátrico na Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas de Bento Gonçalves escancara a falta de gestão da prefeitura municipal em relação à empresa que presta os serviços na unidade. A irresponsabilidade está expondo a população, médicos e funcionários da unidade a um problema aparentemente sem solução, da maneira como está sendo conduzido. Neste domingo, 24 de abril, não foi diferente, e pacientes esperaram mais de oito horas por um atendimento.

Ao longo de todo o domingo, 24 de abril, o poder público testou a paciência de mães e pais que levaram seus filhos até a UPA 24 Horas. Apenas um pediatra ficou responsável pelo atendimento de mais de 100 crianças que esperavam para ser atendidas no local. Por mais ágil que fosse, a médica jamais daria conta de atender sozinha tanta gente. Com o passar das horas, os ânimos foram ficando mais exaltados.

Mulheres que chegaram com seus filhos por volta das 13h, não tinham sido entendidas até as 21h. Foi quando mães que estavam na barraca para atendimento Covid-19 invadiram o espaço da UPA exigindo atendimento. A Brigada Militar foi acionada e os policiais tiveram que conter e acalmar a população que clamava por atendimento médico.

A reportagem do NB Notícias foi até o local e iniciou uma transmissão ao vivo, dando voz às reclamações das mães que não aguentavam mais a espera. Coincidentemente, cerca de 20 minutos depois, o atendimento de consultas às crianças foi retomado. 

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Ausência de gestão expõe todos os lados

Há pelo menos três meses, o NB Notícias vem noticiando regularmente os problemas de atendimento na UPA 24 Horas. Profissionais de saúde que atuam na unidade estão acoados e, a cada dia que passa, com medo de realizar os atendimentos. A falta de gerenciamento está expondo médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e atendentes da recepção à violência da população que não aguenta mais ficar esperando para ser atendida.

O medo de médicos e demais profissionais de saúde é com a agressão que podem sofrer. Na noite deste domingo, 24, enfermeiros e técnicos de enfermagem chegaram a abandonar a barraca fast track, devido à indignação das famílias. Um dos profissionais, que pediu para não ser identificado, relatou que é humanamente impossível atender um volume tão grande de pessoas com apenas um ou dois médicos atendendo. 

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Desde que os problemas iniciaram, a única atitude da prefeitura foi ameaçar a empresa terceirizada responsável pelo atendimento de multa, caso os atendimentos não fossem normalizados. A multa não foi cobrada e o serviço só piorou depois da reunião com o poder público. Uma outra sinalização do poder público foi a contratação direta de profissionais. Porém, os baixos salários oferecidos (considerados os piores da região) não atraíram a demanda de profissionais esperada, principalmente os pediatras. 

Buscando novas alternativas, o prefeito Diogo Siqueira deve promover ainda nesta segunda-feira, 25 de abril, uma reunião com o estafe da Secretaria Municipal de Saúde, com o objetivo de dar uma resposta ao péssimo conceito em que se encontra a UPA 24 Horas, tão elogiada em outros tempos.