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Grupo de trabalho prevê impacto de R$ 16,31 bi com a aprovação do novo piso salarial da enfermagem
O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que analisa o impacto financeiro e orçamentário do novo piso salarial da enfermagem no País aprovou nes...
23/02/2022 16h50
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Câmara de Notícias
Segundo Padilha, aumento representa acréscimo de 2,02% na massa salarial anual dos contratantes - (Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados)

O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que analisa o impacto financeiro e orçamentário do novo piso salarial da enfermagem no País aprovou nesta quarta-feira (23) o relatório do deputado Alexandre Padilha (PT-SP). O texto prevê um aumento total de despesas com folha de pagamento da ordem de R$ 16,31 bilhões, considerando gastos com pessoal de instituições de saúde públicas, privadas e filantrópicas.

O novo piso nacional da categoria está previsto no Projeto de Lei 2564/20, do Senado. O projeto fixa a remuneração mínima de enfermeiros em R$ 4.750, a de técnicos de enfermagem em R$ 3.325 e a de auxiliares e de parteiras em R$ 2.375. Antes de ser convertido em lei, no entanto, a proposta ainda precisa passar por quatro comissões temáticas e pelo Plenário da Câmara.

Mesmo sendo favorável ao novo piso, a deputada Dra. Soraya Manato (PSL-ES) demonstrou preocupação com as próximas etapas de tramitação do projeto e indagou a coordenadora do colegiado, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), se ainda haverá reuniões para ouvir o Ministério da Economia.

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"A gente sabe que o relatório é muito meritório, mas sabemos também da Lei de Responsabilidade Fiscal. Essa é a grande preocupação de estados, municípios e dos próprios hospitais, principalmente os filantrópicos, que estão preocupadíssimos por não saber como vão arcar com essa demanda que vem a se somar a todas as outras que eles já têm”, observou.

Em resposta à deputada, a coordenadora esclareceu que o grupo de trabalho foi criado com o objetivo de ouvir todos os segmentos envolvidos – representantes da enfermagem, gestores públicos, iniciativa privada, instituições filantrópicas – para chegar a um retrato do número de profissionais envolvidos e do impacto financeiro por segmento.

“O papel da nossa comissão se encerra hoje com a votação do relatório, mas é claro que para nós, parlamentares, o trabalho não se encerra”, destacou Carmen Zanotto. "Nós temos que continuar trabalhando, porque se chegarmos no Plenário com as fontes de financiamento será muito mais fácil”, disse.

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Carmen Zanotto reconheceu que, apesar de todos os deputados terem se manifestado a favor do projeto, muitos têm demonstrado preocupação com as instituições de saúde públicas, privadas e filantrópicas e com os governos estaduais e municipais, que deverão arcar com o novo piso salarial da categoria.

“O nosso papel nesta Casa a partir de agora, com esse relatório, é mostrar que é possível [aprovar o projeto] e que não é impacto, é investimento”, disse o deputado Célio Studart (PV-CE). “O temos que fazer agora é o trabalho político de convencimento dentro da casa para que esse projeto seja levado ao Plenário e aprovado”, reforçou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) foi além e sugeriu a aprovação de regime de urgência para o projeto, o que permite que ele seja analisado diretamente pelo Plenário. “Esse relatório, ao indicar o impacto é absorvível pela economia e pelo setor privado, nos dá a possibilidade de pedir imediatamente ao presidente da Casa que coloque em votação o regime de urgência para a matéria”.

Segundo o relator, o impacto de R$ 16,31 bilhões representa 2,7% do PIB da Saúde em 2020, 3,65% do orçamento da Saúde no mesmo ano e um acréscimo de apenas 2,02% na massa salarial anual dos contratantes. Ele destaca ainda que, no setor privado, o aumento de despesa corresponde a 4,8% do faturamento dos planos e seguros de saúde em 2020.