Rio Grande do Sul Acidente ou não?
Polícia investiga se impermeabilização de sofá causou explosão
Moradora que ficou com 50% do corpo queimado após explosão em condomínio segue internada.
26/12/2025 10h36 Atualizada há 5 horas
Por: Marcelo Dargelio

A Polícia Civil está apurando as circunstâncias de uma explosão seguida de incêndio que atingiu dezenas de apartamentos no Condomínio Morada do Vale, em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no início da tarde de segunda-feira (22). A principal linha de investigação é a de negligência no uso de produto altamente inflamável em um serviço de impermeabilização, que teria provocado a explosão dentro de um apartamento.

A explosão ocorreu em um apartamento no quarto andar da torre 22 e provocou um incêndio de grandes proporções, que se espalhou por pelo menos 20 unidades, segundo o Corpo de Bombeiros. Uma moradora, identificada como Eduarda Silveira Vieira Guerreiro, de 26 anos, ficou com aproximadamente 50% do corpo queimado e segue internada no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, em estado grave. Seu marido afirmou que ela deverá permanecer hospitalizada por cerca de três meses para tratamento das queimaduras. 

Uma vizinha que reside no andar acima também foi afetada, tendo inalado fumaça, mas foi liberada após atendimento médico. 

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Produto inflamável usado em impermeabilização é suspeito

De acordo com o Corpo de Bombeiros, o incêndio teve origem no apartamento onde havia sido realizado um serviço de impermeabilização de sofá com um produto altamente inflamável e volátil. As substâncias utilizadas nesse tipo de procedimento podem permanecer no ar e em superfícies por algum tempo, aumentando o risco de combustão quando expostas a uma fonte de ignição, como uma chama aberta. 

As autoridades acreditam que pouco tempo depois que o prestador de serviço deixou o imóvel, a moradora acendeu o fogão, o que teria gerado a explosão. Vizinhos relataram não terem sido informados previamente sobre os riscos associados ao produto utilizado no serviço. 

Danos estruturais e impacto no condomínio

A força da explosão foi suficiente para quebrar vidros, arrancar portas e destruir móveis em vários apartamentos, além de causar danos estruturais significativos em partes do prédio. Algumas unidades ainda aguardam avaliação técnica para verificar se é seguro retornar às moradias.

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O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 16h45 de segunda-feira e levou cerca de uma hora e meia para controlar as chamas. As chamas foram finalmente debeladas por volta das 18h20

Investigação em curso

A Delegacia de Polícia de Gravataí já colheu depoimentos da proprietária do imóvel e da síndica do condomínio. O delegado responsável, Ernesto Prestes, informou que pretende ouvir nos próximos dias o prestador de serviço que realizou a impermeabilização e os donos da loja que vendeu o sofá ou o produto utilizado, como parte das diligências para esclarecer o caso.

A Polícia Civil ainda aguarda laudos periciais que vão auxiliar na confirmação da causa do incêndio e na eventual responsabilização de pessoas ou empresas envolvidas no serviço. Perícias também devem avaliar se o edifício apresenta condições seguras de habitabilidade após os danos provocados pelo incêndio.

Reações e segurança

A explosão reacendeu debate sobre a segurança de serviços realizados em ambientes residenciais, especialmente os que envolvem produtos químicos inflamáveis. Especialistas consultados por equipes de reportagem ressaltam a importância de orientação clara dos prestadores quanto aos riscos e de ventilação adequada após o uso de substâncias voláteis dentro de ambientes fechados.

Enquanto isso, a comunidade de moradores do Condomínio Morada do Vale segue sem previsão de retorno pleno aos apartamentos afetados, e a investigação policial continua em curso para esclarecer definitivamente as causas do acidente.