Num dia desses, vi um Papai Noel andando pela rua. Pensa só: roupa vermelha de veludo, com detalhes naquele tecido branco peludo, coturnos militares, luvas brancas, gorro (também de veludo, com detalhes em pelúcia branca) e um óculos surrado, penso eu, que mais prejudicava a visão do bom velhinho. Cena comum de se ver no dia a dia subtropical, com temperaturas que estão variando entre 25 a 30 graus, na sombra. Concordam?
Sim, porque no Brasil, de norte a sul, é assim que a população costuma se vestir por ocasião das festas natalinas, não é??? Como assim???
Bom, mas não são as vestes do Papai Noel, do Duende, da Rena, do Trenó e sei lá o que mais se usa para representar esse período festivo. Não é o que está por fora, não é o que está sendo mostrado. Definitivamente, não é.
Do outro lado da rua, vi um menino que, num gesto simples e rápido, deu a última tragada no cigarro que vinha fumando, soltou a fumaça como se estivesse em êxtase, fazendo desenhos no ar. Ahhh!!! O ar, que até então parecia limpo. Mais rápido ainda, com uma técnica incrível, o indivíduo prendeu a bituca de cigarro entre os dedos e lançou, com uma velocidade descomunal, o objeto, já não mais desejado, em direção à vegetação. Pensei no Papai Noel…
Pense no calor que o Papai Noel estava sentindo debaixo daquela “fantasia”. Pense no calor que todos poderíamos sentir caso aquela simples bituca indesejável encontrasse naquele terreno os demais elementos para formar a Tríade do Fogo (Combustível e Comburente), pois ela, em si, já era a fonte de calor.
Vale observar que esse calor não seria nada humano, o que, na verdade, era o que deveríamos cultivar, não só nessas épocas de Natal, mas durante o ano todo. Porém, o clima e o solo nem sempre são propícios para essa cultura, nem mesmo nessa época. Que nos diga o Papai Noel: gastou todo seu Ho Ho Ho, cansou o braço abanando e, mesmo com tanta simpatia e gentileza, por vezes, ou várias vezes, era ignorado.
Também ignoramos os riscos potenciais de nossos atos simples: ignorar o desejo de um “Feliz Natal!” ou jogar uma bituca de cigarro num terreno baldio com vegetação seca, num calor de 25 graus. Um incendeia, o outro congela.
Espero que, nesse restinho de tempo antes do Natal, possamos aquecer, mas não incendiar, nossos corações e retribuir os acenos, os sorrisos e os desejos de felicidade nesse período tão importante, e que também possamos colocar a mão na consciência para entender que a bituca não pertence ao outro, mas sim a quem a criou. Portanto, não saia jogando por aí; siga os seguintes passos:
1 – Apague; (não me pergunte como)
2 – Carregue consigo até a próxima lixeira;
3 – Descarte com segurança de que a mesma esteja apagada;
4 – Siga seu caminho em PAZ.
Caso esteja dentro do carro, providencie uma garrafa com um pouquinho de água (gasolina não serve), deixe no console, coloque as bitucas ali dentro e siga sua viagem com a certeza de que o rastro seja de saudade, não de destruição.