A negativa da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, ao acordo entre Mercosul e União Europeia deve complicar a assinatura do tratado, que estava prevista para o próximo sábado (20) durante a Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, no Paraná. A posição de Meloni se junta à resistência já manifestada por França e Polônia, que, somadas, representam mais de 35% da população da UE, o que é suficiente para barrar a aprovação no Conselho Europeu.
Durante uma sessão no parlamento italiano, realizada na última quarta-feira (17), Meloni classificou como "prematuro" o movimento da União Europeia em assinar um acordo comercial com o Mercosul. A mandatária argumentou que o tratado precisa de garantias adequadas de reciprocidade para o setor agrícola europeu, o que reflete preocupações de muitos países da região em relação à concorrência com produtos importados.
Apesar das expectativas de que a aprovação de salvaguardas pelo Parlamento Europeu poderia facilitar a assinatura do acordo, a mensagem de Meloni foi interpretada como um retrocesso nas negociações. Os países favoráveis ao acordo, como Alemanha e Espanha, continuam a pressionar por sua aprovação, mas a tendência é de que a Dinamarca, atual presidência da UE, não coloque a votação em pauta se a oposição da Itália se consolidar.
O Conselho Europeu tinha a intenção de votar o acordo até quinta-feira (18), conforme informações de autoridades dinamarquesas. Para que o tratado fosse aprovado, seria necessário o apoio de 55% dos países membros (15 dos 27), representando ao menos 65% da população do continente. A aprovação do acordo permitiria que a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, viajasse a Foz do Iguaçu para a assinatura.
Na terça-feira, o Parlamento Europeu aprovou um projeto de regulamento que estabelece como a UE poderia suspender temporariamente as preferências tarifárias na importação de produtos agrícolas considerados sensíveis, como aves e carne bovina, do Mercosul. Caso as importações desses produtos aumentem em média 5% ao longo de três anos, o bloco poderá iniciar uma investigação sobre a necessidade de medidas de proteção. A proposta inicial da Comissão Europeia era de 10% ao ano.
A situação atual revela um impasse nas negociações, com a Itália exigindo mais tempo para discutir a proteção ao setor agrícola, o que frustra as expectativas de um acordo iminente em Foz do Iguaçu.