A discrepância nas condições de prisão entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres tem gerado descontentamento entre pessoas próximas ao ex-chefe do Executivo. Ambos cumprem pena por envolvimento na trama golpista, mas as condições de detenção são notavelmente distintas. Enquanto Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses, está na sala de Estado-Maior da Superintendência da PF (Polícia Federal) em Brasília, Torres cumpre sua pena de 24 anos em uma cela no núcleo de custódia da PM (Polícia Militar) do Distrito Federal, conhecida como Papudinha.
A insatisfação se concentra no fato de que a cela de Torres, com 54,76 metros quadrados, é mais de quatro vezes maior que a sala de 12 metros quadrados onde Bolsonaro está detido. Aliados do ex-presidente consideram essa comparação “incoerente”, argumentando que um ex-presidente, que ocupou a posição mais alta da política brasileira, não deveria estar em condições piores que um ex-ministro de Estado. A crítica se intensifica com o simbolismo negativo que representaria uma eventual transferência de Bolsonaro para a Papudinha, uma possibilidade ainda em análise pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal).
A cela de Torres é equipada com um quarto que possui cama de casal e televisão, além de uma cozinha com geladeira, lavanderia e um amplo banheiro. O espaço ainda conta com uma área externa de mais de dez metros quadrados, permitindo ao ex-ministro desfrutar de atividades ao ar livre sem restrições de horário. Em contrapartida, Bolsonaro se encontra em um ambiente mais restrito, com uma cama de solteiro, frigobar e um banheiro, além de uma área externa limitada que não favorece a prática de exercícios. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, descreveu a cela de seu pai como um “cubículo”.
A defesa de Bolsonaro tem solicitado ao STF a concessão de prisão domiciliar humanitária, citando preocupações com a saúde do detento. Essa situação evidencia uma tensão crescente entre os aliados de Bolsonaro, que se sentem desconfortáveis com a percepção de desigualdade nas condições de detenção, refletindo uma crítica mais ampla sobre o tratamento dado a figuras políticas em situações semelhantes.