Bento Gonçalves se prepara para ganhar um novo marco de memória e identidade. No dia 13 de dezembro, às 9h15, será apresentado à comunidade o monumento “Legado de Esperança”, peça esculpida em pedra basalto que homenageia os 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul, celebrados em 2025.
A obra será instalada na Praça Rui Lorenzi (Praça das Rosas) — local simbólico, considerado o ponto exato onde os primeiros imigrantes italianos desembarcaram na então Colônia Dona Isabel, em 1875.
Com 1,90 metro de altura, o monumento retrata um casal de imigrantes logo ao chegar à nova terra. O homem carrega uma mala, símbolo do deslocamento e das memórias trazidas da Itália, enquanto segura também um garrafão de vinho, referência ao produto que se tornaria pilar econômico e cultural da região. A mulher traz uvas nas mãos e, a seus pés, um cesto cheio delas, representando fertilidade, trabalho e a ligação visceral dos colonizadores com a terra.
A escolha do basalto, pedra abundante na Serra Gaúcha, reforça a proposta simbólica de força, resiliência e permanência — qualidades atribuídas à trajetória dos imigrantes que moldaram a identidade do município. A obra é assinada pelo escultor Paulo Jocemar Miranda, artista com peças expostas no Parque Internacional dos Domadores de Pedra, nos Caminhos de Pedra.
O “Legado de Esperança” é resultado de um movimento iniciado em agosto de 2023 e conduzido por um comitê formado por famílias tradicionais e entidades culturais ligadas à imigração italiana.
Participam da iniciativa:
Dorvalino Sonaglio e Família (Marli D. Sonaglio, Patrícia D. S. Scarton e Lesandra D. S. Dalla Costa)
Circolo Friulano da Serra Gaúcha, presidido por Lisete Furlan Canabarro
Circolo Trentino di Bento Gonçalves, representado por Sandro Giordani
União de Imigrantes Trevisani Nel Mondo, presidida por Valter Ricardo Moro
Prefeitura de Bento Gonçalves, como apoiadora institucional
Segundo o idealizador Dorvalino Sonaglio, o monumento nasce da necessidade de reconhecer a coragem de quem abandonou a Itália para começar do zero.
“Nada mais justo do que expressarmos nossa gratidão pela bravura desses pioneiros que desbravaram nossas terras, plantaram as primeiras videiras e ajudaram a construir a identidade de Bento Gonçalves”, afirma.
A iniciativa também teve apoio do setor privado, que contribuiu financeiramente para viabilizar o projeto.
Para as entidades culturais envolvidas, o monumento representa mais que uma homenagem histórica: é uma forma de transmitir valores às novas gerações.
“Esse reconhecimento eterniza a história escrita pelos pioneiros, criando um espaço de contemplação e orgulho coletivo”, diz Sandro Giordani, do Circolo Trentino.
Lisete Furlan Canabarro reforça:
“É um ato de gratidão e reverência àqueles que deixaram tudo para recomeçar em terras desconhecidas.”
Já Valter Moro lembra que o projeto resgata a essência do povo italiano que chegou à região:
“É um marco de fé, trabalho e memória, onde passado e futuro se encontram.”
A inauguração integra o calendário oficial das comemorações dos 150 anos da imigração italiana no RS, que terá uma série de eventos ao longo de 2025. O monumento passará a compor o circuito turístico e histórico da cidade, reforçando o vínculo entre a memória dos imigrantes e a identidade contemporânea de Bento Gonçalves.