Internacional Boa notícia
Reunião entre Trump e Lula deve encaminhar redução de tarifaço dos EUA
Nova fase de negociações entre brasileiros e americanos começa neste domingo, 26.
26/10/2025 09h35
Por: Marcelo Dargelio
Conversa amistosa encaminha um desfecho para mudanças no tarifaço americano - Fotos: Ricardo Stuckert/Especial

O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizado neste domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, marcou o início de uma nova fase de diálogo comercial entre os dois países. A reunião, que durou cerca de 50 minutos, ocorreu à margem da Cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) e foi considerada “extremamente positiva” pelo chanceler brasileiro Mauro Vieira.

Tarifas serão tema de negociações imediatas

De acordo com Vieira, Trump se comprometeu a dar instruções imediatas à sua equipe econômica para abrir um período de negociações bilaterais com o Brasil, a fim de discutir as tarifas impostas aos produtos brasileiros. “O presidente Trump declarou que dará instruções à sua equipe para iniciar hoje mesmo (domingo) o processo de negociação, porque é para ser resolvido em pouco tempo”, afirmou o chanceler.

Trump também confirmou, ao deixar o encontro, que as tarifas “poderiam ser resolvidas muito rapidamente”, reforçando o tom otimista da conversa.

Diálogo direto e clima amistoso

O presidente Lula destacou em suas redes sociais que o diálogo foi “franco e construtivo”.

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Donald Trump e Lula conversaram por 50 minutos e presidente brasileiro classificou como ótima a relação

 

“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump. Discutimos de forma aberta a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar nas soluções para as tarifas e sanções contra autoridades brasileiras”, escreveu Lula.

Segundo integrantes da comitiva brasileira, Trump mostrou receptividade aos argumentos apresentados por Lula e reconheceu que as razões que motivaram o aumento das tarifas globais não se aplicam ao Brasil, uma vez que o país mantém superávit na balança comercial com os Estados Unidos.

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Outros temas na pauta

Além das questões tarifárias, Lula abordou temas diplomáticos e regionais, como a situação da Venezuela e a necessidade de preservar a América do Sul como zona de paz.
O presidente brasileiro também mencionou a Lei Magnitsky, que resultou em sanções a autoridades nacionais, e defendeu sua suspensão.

“O presidente Lula reforçou a necessidade de suspender o tarifaço, ressaltou a injustiça dos argumentos utilizados e também pediu a suspensão das sanções. Trump ouviu com atenção e orientou sua equipe a seguir dialogando conosco”, relatou Mauro Vieira.

Durante o encontro, Lula também mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que não interfere nas decisões do Judiciário brasileiro, o que, segundo fontes diplomáticas, foi bem recebido pelo americano.

Reaproximação entre Brasil e EUA

A reunião na Malásia marca um momento de reaproximação entre os governos de Lula e Trump, após meses de tensão econômica e política. A expectativa é que as equipes técnicas dos dois países iniciem as negociações ainda neste domingo à noite (manhã de segunda-feira no Brasil), com a possibilidade de um acordo preliminar nas próximas semanas.

“Foi um diálogo produtivo e cordial. O presidente Trump viajou 22 horas para chegar à Malásia, e o presidente Lula também. Conseguimos realizar uma reunião que parecia impossível nos Estados Unidos ou no Brasil”, comemorou o chanceler.

Mensagem de equilíbrio

Ao final, Lula destacou que o Brasil não pretende se alinhar exclusivamente a nenhuma potência e seguirá defendendo uma política externa plural e independente.

“Não queremos uma disputa que nos obrigue a escolher entre ficar do lado da China ou dos Estados Unidos. Queremos ficar ao lado de todos — da China, dos EUA, da Malásia e de qualquer país disposto a dialogar.”