A Polícia Civil do Mato Grosso do Sul, por meio da Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos (Derf), identificou o morador de Bento Gonçalves, Eric Basso da Silva, de 33 anos, conhecido como “Chapolin”, como o líder de uma organização criminosa responsável por aplicar o chamado “golpe dos nudes” em vítimas de todo o país. De acordo com as investigações, o grupo causou prejuízo superior a R$ 5 milhões apenas em Campo Grande (MS), utilizando perfis falsos em redes sociais para extorquir homens adultos após trocas de imagens íntimas. A Justiça decretou a prisão preventiva de Eric Basso, que já foi capturado por policiais da Brigada Militar e recolhido ao presídio.
O esquema criminoso se iniciava com a criação de perfis falsos de supostas jovens entre 16 e 25 anos. Essas contas, cuidadosamente elaboradas, interagiam com as vítimas — geralmente homens casados e de alto poder aquisitivo — até ganhar sua confiança.
Após a troca de mensagens e o envio de fotos íntimas, os criminosos se passavam por familiares das jovens, alegando que elas eram menores de idade e exigindo indenizações financeiras. Em seguida, falsos “delegados” entravam em contato com as vítimas, ameaçando prisões e processos por pedofilia.
Com medo de exposição e escândalos, muitas vítimas realizaram transferências de grandes quantias para contas bancárias controladas pelo grupo.
As investigações da Derf, em parceria com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, órgãos de inteligência financeira e o Coaf, levaram até Eric Basso da Silva, morador de Bento Gonçalves, onde era conhecido como empresário do setor de táxis. Ele foi capturado por policiais da Brigada Militar em uma casa no bairro Universitário, na tarde da quarta-feira, 8 de outubro.
Segundo a polícia, Eric é o organizador de todo o esquema nacional de extorsão, com ramificações em São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais. Ele já possui antecedentes por porte ilegal de arma e tráfico de drogas, e já cumpriu pena em presídios gaúchos.
O líder também teria contratado um detetive particular para vigiar uma das vítimas e sua família, intensificando as ameaças com registros fotográficos enviados por aplicativos de mensagem.
Durante as apurações, a polícia descobriu indícios de que Eric da Silva mantinha ligações com a facção criminosa “Os Aberto”, com atuação no sistema prisional gaúcho. A conexão foi confirmada a partir de vínculos residenciais e registros de compartilhamento de galerias destinadas a integrantes do grupo.
No total, 14 pessoas foram indiciadas pelos crimes de extorsão e organização criminosa, com agravantes pela transnacionalidade digital e pelo envolvimento de uma facção estruturada.
A Polícia Civil reforça o alerta à população para não ceder a chantagens virtuais e não realizar transferências financeiras em casos de supostas denúncias ou ameaças envolvendo conversas online. Casos semelhantes devem ser imediatamente registrados na delegacia ou comunicados por meio dos canais oficiais.