Bento Gonçalves alcançou o maior número de empregos formais de sua história, com 50.837 trabalhadores registrados em carteira no mês de agosto, segundo o Boletim Observatório Econômico (OECON) do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG). O resultado representa um crescimento de 3,8% em relação ao final de 2024 e consolida o município como um dos principais polos de geração de trabalho no Rio Grande do Sul.
Entretanto, o levantamento acende um sinal de alerta: o setor industrial apresentou retração, com saldo negativo de 44 vagas no mês. Segundo Fabiano Larentis, coordenador do estudo e integrante do Programa de Pós-Graduação da UCS, os efeitos das taxas de juros nos Estados Unidos podem estar impactando as exportações locais — especialmente as indústrias moveleiras e de borracha e plástico. “A tendência é que setembro registre uma leve estabilização, em torno de 50,7 mil postos”, destacou Larentis.
Apesar da retração pontual em agosto, o setor industrial segue como o maior empregador da cidade, com 793 novas vagas no acumulado do ano. Os segmentos mais afetados foram o de móveis (-29 vagas) e o de borracha e plástico (-16). Ainda assim, a indústria moveleira mantém saldo positivo de 186 postos de trabalho em 2025, atrás apenas da indústria de alimentos, que criou 309 novas vagas.
O saldo geral de agosto foi positivo em 114 vagas, elevando o total anual para 1.843 novos empregos formais — uma variação de 27,3% em relação ao mesmo período de 2024. O desempenho coloca Bento Gonçalves como o 10º município gaúcho que mais gerou empregos neste ano.
O destaque do relatório é o setor de Serviços, que registrou 86 novas vagas em agosto e 653 no acumulado de 2025 — um crescimento impressionante de 832,9% sobre o ano anterior. A recuperação está ligada à retomada pós-enchentes, especialmente nas áreas de alojamento (+31 vagas), tecnologia da informação (+29) e educação (+24).
Outro destaque é a Construção Civil, que já acumula 282 novas vagas, uma alta de 29,4% em relação a 2024. Bento figura entre os cinco municípios com melhor desempenho no setor.
O relatório do OECON aponta um dado que exige atenção: o tempo médio de permanência no emprego em Bento Gonçalves é de apenas 14,9 meses, inferior à média estadual e nacional. A Agropecuária, com grande sazonalidade, puxa o índice para baixo, com tempo médio de 1,1 mês antes da demissão.
Para o CIC-BG, os números mostram que Bento Gonçalves vive um momento de consolidação econômica, mas que exige planejamento para manter o ritmo de crescimento com estabilidade. O desafio agora é equilibrar o avanço dos serviços e da construção civil com a recuperação da indústria, que segue como base do desenvolvimento regional.
“Estamos vivendo um recorde histórico, mas com a responsabilidade de olhar para frente, diversificando e qualificando ainda mais o mercado de trabalho”, conclui Fabiano Larentis, reforçando a importância de políticas públicas e empresariais que sustentem o bom momento do emprego em Bento Gonçalves.