Geral Polêmica
UGEIRM denuncia fechamento noturno do Posto Médico Legal em Bento Gonçalves
Policiais civis terão que viajar 100 quilômetros para realizar exames de corpo de delito.
02/10/2025 10h31
Por: Marcelo Dargelio

A partir do dia 1º de outubro, o Posto Médico Legal (PML) de Bento Gonçalves, vinculado ao Instituto-Geral de Perícias (IGP), deixou de funcionar em regime de 24 horas e passou a atender apenas das 8h às 20h. A medida, motivada pela falta de efetivo, foi duramente criticada pelo Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (UGEIRM), que denuncia os impactos diretos da restrição no trabalho policial e no atendimento à população.

Com a mudança, ocorrências registradas durante a noite e a madrugada, como exames de corpo de delito, perícias em flagrantes, atendimentos a vítimas de violência sexual e exames em casos fatais, precisarão ser encaminhadas para o PML de Caxias do Sul, a cerca de 50 km de distância. A alteração implica em maior tempo de deslocamento para policiais civis, sobrecarga para o efetivo já reduzido e risco de prejuízos na coleta imediata de provas.

Preocupação da categoria

A UGEIRM manifestou preocupação com os efeitos da decisão, afirmando que a medida fragiliza ainda mais o sistema de segurança. O diretor da entidade, Rogério Ferreira Souza, ressaltou: “Além das dificuldades criadas para os policiais civis, o deslocamento constante de uma cidade para outra gerará um custo significativo para as unidades policiais, que já lidam com grandes limitações orçamentárias.”

O também diretor da UGEIRM, Juarez Danclair, destacou que o sindicato está mobilizado em busca de soluções: “Já mantivemos contato com a Secretaria de Segurança Pública, solicitando a presença permanente de peritos em Bento Gonçalves e na região. Também procuramos a OAB e os Legislativos locais para que possamos, em conjunto, encontrar alternativas que evitem um impacto tão severo no trabalho policial e na vida da população.”

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Efeitos colaterais

O fechamento parcial do PML em Bento Gonçalves também deve sobrecarregar o IGP de Caxias do Sul, que terá de absorver a demanda de outros municípios. Segundo o diretor regional do PML/IGP de Caxias, seria necessário ao menos mais um médico-legista para atender a nova demanda.

Impacto direto para a comunidade

O transporte coletivo de provas e vítimas para outra cidade compromete a agilidade dos procedimentos e coloca em risco a efetividade de investigações criminais, sobretudo em casos de violência contra a mulher e crimes graves ocorridos no período noturno.

Para a UGEIRM, a redução de horário do PML é reflexo da falta de política de reposição de pessoal no governo Eduardo Leite, que ao longo dos anos deixou de investir no fortalecimento da perícia oficial.

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Enquanto não houver reposição de peritos e ampliação da estrutura, a população de Bento Gonçalves e região continuará desassistida em um dos serviços mais importantes para a justiça criminal e para a proteção das vítimas.