Geral Investigação
Promotoria questiona Prefeitura sobre liberação de construção das 5 torres em Bento
Técnicos do Ministério Público apontaram em parecer uma série de fragilidades e inconsistências no processo de aprovação do empreendimento.
25/09/2025 17h59
Por: Marcelo Dargelio

Um parecer técnico do Centro de Apoio Operacional Urbanístico (Caourb), anexado ao inquérito civil do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), acendeu um alerta sobre a liberação da construção das cinco torres do empreendimento Jardim Dona Isabel, na divisa dos bairro São Francisco e Licorsul, em Bento Gonçalves. O documento aponta uma série de fragilidades e inconsistências no processo de aprovação do empreendimento e motivou a promotoria a cobrar explicações formais da Prefeitura, por meio do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ipurb). O poder público tem 30 dias para responder aos questionamentos.

Os técnicos do Caourb listaram problemas que vão desde cálculos questionáveis até falhas de transparência:

 

O que pede o Ministério Público

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Diante das inconsistências, a promotora Carmem Lucia Garcia determinou:

  1. Pedido formal de esclarecimentos ao Ipurb sobre cálculos de outorga onerosa, definição de altura e recuos, e revisão dos escores do EIV.
  2. Inclusão de todas as medidas mitigatórias no Termo de Compromisso, não apenas as de caráter financeiro.
  3. Divulgação pública dos estudos de impacto no site da Prefeitura, em nome da transparência e do controle social.
  4. Reanálise conjunta com o Complan sobre os impactos e valores de contrapartida.

O prazo dado à Prefeitura é de 30 dias para apresentar resposta. O inquérito, antes sigiloso, foi tornado público diante do interesse coletivo .

Por que essa medida importa?

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O caso coloca em debate a relação entre pressões do mercado imobiliário, planejamento urbano e o papel das instituições de controle. A liberação de grandes empreendimentos sem a devida clareza sobre contrapartidas pode gerar sobrecarga no sistema viário, adensamento desordenado e prejuízos irreversíveis à paisagem e qualidade de vida da cidade.

A análise do Caourb mostra que o risco não é apenas técnico, mas também político: a obra avança mesmo diante de evidências de que o projeto não atende, em sua totalidade, as normas do Plano Diretor.