Meio Ambiente Vale dos Vinhedos
Comunidade quer conselho deliberativo e Vale dos Vinhedos sem construções
Apesar das manifestações comunitárias, Plan-Vale vai ser definido pelos vereadores, que devem ir na contramão do desejo da população.
20/09/2025 09h28
Por: Marcelo Dargelio

O salão da comunidade 8 da Graciema, em Bento Gonçalves,  onde foi realizada a audiência pública do Plan‑Vale, recebeu dezenas de pessoas na noite da quinta‑feira, 18. Convocados pela coordenação do plano, moradores, produtores e lideranças acompanharam a apresentação da proposta que vai nortear o desenvolvimento do Vale dos Vinhedos. Sob comando do arquiteto Vinícius Ribeiro, responsável pela condução do processo participativo, a reunião concentrou depoimentos de quem vive na região e discutiu as diretrizes para os próximos anos.

No local, um banner com a frase “Estamos construindo o futuro do Vale dos Vinhedos” sintetizava o espírito do encontro. Segundo Ribeiro, o Plan‑Vale nasceu de oficinas e escutas públicas e busca equilibrar crescimento e preservação da região. “O plano é um ponto de partida técnico, mas precisa do olhar de quem vive aqui para ser legitimado”, disse.

A audiência deu espaço para a comunidade expor expectativas e preocupações. Entre as demandas, surgiram pedidos para fortalecer a identidade vitivinícola, evitar grandes empreendimentos que possam descaracterizar a paisagem e criar um conselho intermunicipal, com caráter deliberativo, para acompanhar a execução do plano e evitar manobras políticas nas Câmaras de Vereadores e prefeituras. O coordenador lembrou, contudo, que a possibilidade de criação deste colegiado deliberativo ainda terá de passar pelas câmaras de vereadores de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, os três municípios que integram o Vale.

Continua após a publicidade

Após ouvir as manifestações, Ribeiro informou que a minuta final do Plan‑Vale será submetida a análise de setores das três prefeituras, antes de ser encaminhada ao Legislativo dos municípios envolvidos. “A participação da população foi decisiva para definir o documento que irá guiar o uso do território e garantir que o Vale dos Vinhedos mantenha seu caráter único”, observou.

A expectativa é de que até o mês de novembro o documento final seja entregue para tramitação nas Câmaras de Vereadores. 

Para o presidente da Aprovale, André Larentis, é central que o plano seja vivo, capaz de acompanhar as transformações da comunidade, das empresas e da sociedade, por isso, deve prever mecanismos de monitoramento e financiamento que assegurem sua continuidade. Outrossim, Larentis reforçou a importância da preservação do conjunto de elementos que são a essência do território – os vinhedos, a paisagem, a herança cultural e a autenticidade da comunidade. “É indispensável que tenhamos ações que valorizem o pequeno produtor, que fortaleçam quem está na base e que garantam que o desenvolvimento seja coletivo e equilibrado”, disse.

Continua após a publicidade

O presidente da Aprovale, também, fez questão de citar a necessidade de o planejamento abrir espaço para inovações, possibilitando evolução tanto na vitivinicultura quanto no enoturismo. Tudo isso precisa de um entendimento em comum acordo entre os três municípios envolvidos, de modo a unificar forças. “O plano precisa ser aprovado de forma igualitária, sem gerar distorções ou privilégios de um município em detrimento de outro. O Vale deve ser visto como um único território, e essa unidade é o que garantirá a sua força. O sucesso do plano depende disso”, disse.

Por isso, defendeu a criação de um conselho único, intermunicipal, paritário e deliberativo, que assegure a participação efetiva da comunidade nas decisões, dando transparência e legitimidade ao processo, da mesma forma que tem ocorrido até então. “Tenho certeza que o Ministério Público estará acompanhando os próximos passos, o que reforça a seriedade e a responsabilidade deste momento. E reafirmo que a Aprovale seguirá atenta, participativa e comprometida em contribuir em cada etapa da implementação deste plano”, salientou Larentis.