Uma operação integrada das polícias civis do Rio Grande do Sul e do Paraná resultou na prisão de Hiago Michael Polese, de 21 anos, ex-presidente da Associação dos Universitários de Nova Petrópolis (AUNP). Ele foi detido na tarde desta sexta-feira (19), em Maringá (PR), após permanecer foragido desde a semana passada.
Polese é suspeito de comandar um esquema de desvio de recursos que pode ultrapassar R$ 700 mil da entidade estudantil, responsável por administrar uma parceria público-privada com a Prefeitura de Nova Petrópolis para subsidiar o transporte de universitários.
A prisão faz parte da operação “Rota Desviada”, deflagrada em 11 de setembro, que apura irregularidades na gestão da AUNP. Segundo a polícia, o advogado de Polese também é investigado por supostamente ter recebido repasses da associação e manter vínculos de amizade e negócios com o ex-presidente. O nome do profissional não foi divulgado.
De acordo com a investigação, o desvio ocorria a partir das mensalidades pagas pelos estudantes associados. O dinheiro era depositado na conta de arrecadação da AUNP, mas, antes de ser transferido para a conta específica monitorada pelo poder público, era redirecionado de forma ilícita.
Além disso, foram identificados:
Superfaturamento de boletos cobrados dos estudantes, com valores inflados artificialmente;
Simulação de despesas operacionais, amparadas por documentos fiscais inconsistentes;
Uso irregular dos recursos para fins pessoais e empresariais, fora do escopo da associação.
O esquema comprometeu o orçamento dos estudantes e gerou dívidas com fornecedores. Embora os desvios não tenham atingido diretamente os repasses municipais, a manipulação de custos do transporte impactou a base de cálculo da subvenção pública.
A fraude foi descoberta após uma fiscalização de rotina do gestor de parcerias da Prefeitura de Nova Petrópolis, que encontrou falhas na contabilidade da AUNP, como saldo inicial incompatível e ausência de depósitos previstos como contrapartida da entidade.
Na operação, foram apreendidos documentos da associação e equipamentos eletrônicos em endereços ligados ao investigado e à empresa de marketing digital de Polese.
Há suspeitas de que provas tenham sido destruídas, o que reforçou o pedido de prisão preventiva. A defesa havia solicitado um habeas corpus liminar, mas o pedido foi negado pela Justiça.
A investigação segue em andamento para identificar todos os envolvidos e o destino final dos valores desviados.