A Câmara de Vereadores de Garibaldi aprovou por unanimidade, na segunda-feira (8), o projeto de lei que autoriza o repasse de R$ 30.527,15 ao caminhoneiro Mateus Lando Piovesana, 36 anos, sobrevivente da maior tragédia climática já registrada na região de Bento Gonçalves. O recurso será utilizado para custear parte da prótese modular necessária após as amputações sofridas em decorrência de um acidente durante a enchente de maio de 2024.
No dia 1º de maio de 2024, Piovesana trafegava pela cabeceira da Ponte Ernesto Dornelles, na BR-470, quando foi atingido por um desmoronamento de terra na Serra das Antas. O caminhoneiro ficou soterrado e passou por uma luta intensa pela vida: foram 73 dias de internação, sendo 52 deles na UTI do Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, 16 cirurgias e duas amputações — da perna esquerda e do pé direito.
Os recursos destinados a Piovesana são provenientes de doações organizadas por entidades das cidades italianas de Follina e Conegliano, que promoveram eventos beneficentes para apoiar Garibaldi após a catástrofe. Conegliano é cidade-irmã de Garibaldi por meio de um acordo de gemellaggio, enquanto Follina mantém um pacto de amizade.
Em setembro de 2024, Follina arrecadou 3.188 euros (cerca de R$ 20,3 mil). Já em dezembro, um grupo de ciclistas de Conegliano contribuiu com 1,4 mil euros (aproximadamente R$ 8,9 mil). Os valores foram transferidos ao município com a finalidade de ajudar vítimas da enchente.
O custo total da prótese definitiva é de R$ 139,9 mil, já adquirida pelo caminhoneiro. Ainda assim, ele busca quitar o valor parcelado com apoio de campanhas solidárias. Atualmente, Piovesana está em fase de adaptação, utilizando próteses provisórias.
— Estamos tentando colocar as próteses, mas é um pouco demorado. Fizemos testes com umas provisórias que fazem bolha, mas isso é normal, até a pele engrossar e o corpo se adaptar. Então é um processo de tentar, se machucar, voltar para a cadeira de rodas e tentar de novo. Tem que continuar, não podemos parar — relatou.
Apesar das dificuldades, ele já consegue dirigir um carro adaptado em pequenas distâncias. Contudo, ainda não sabe se conseguirá retornar ao ofício de caminhoneiro.
Para Piovesana e sua família, a aprovação do repasse traz alívio e perspectiva de futuro.
— Fiquei feliz, porque é uma coisa que vem para ajudar na minha reabilitação. Todo dia se gasta com uma coisa ou outra, então fiquei muito contente porque vem para somar — afirmou.
A história de resiliência do caminhoneiro, agora fortalecida pela solidariedade que atravessou o oceano, se soma ao esforço coletivo que marcou a resposta à tragédia climática no Rio Grande do Sul, lembrando que a reconstrução é feita também de gestos de humanidade.