Região Solidariedade
Doações da Itália ajudam caminhoneiro vítima da maior tragédia climática da Serra
Mateus Lando Piovesana, 36 anos, que sobreviveu ao deslizamento de terra na ponte do Rio das Antas, vai receber mais de R$ 30 mil para pagar sua prótese.
11/09/2025 10h11
Por: Marcelo Dargelio
Recurso irá ajudar Piovesana a pagar a prótese comprada para ele voltar a caminhar - Foto: Alexandre Brusa/Hospital Tacchini/Especial

A Câmara de Vereadores de Garibaldi aprovou por unanimidade, na segunda-feira (8), o projeto de lei que autoriza o repasse de R$ 30.527,15 ao caminhoneiro Mateus Lando Piovesana, 36 anos, sobrevivente da maior tragédia climática já registrada na região de Bento Gonçalves. O recurso será utilizado para custear parte da prótese modular necessária após as amputações sofridas em decorrência de um acidente durante a enchente de maio de 2024.

O acidente na Serra das Antas

No dia 1º de maio de 2024, Piovesana trafegava pela cabeceira da Ponte Ernesto Dornelles, na BR-470, quando foi atingido por um desmoronamento de terra na Serra das Antas. O caminhoneiro ficou soterrado e passou por uma luta intensa pela vida: foram 73 dias de internação, sendo 52 deles na UTI do Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, 16 cirurgias e duas amputações — da perna esquerda e do pé direito.

Apoio que veio da Itália

Os recursos destinados a Piovesana são provenientes de doações organizadas por entidades das cidades italianas de Follina e Conegliano, que promoveram eventos beneficentes para apoiar Garibaldi após a catástrofe. Conegliano é cidade-irmã de Garibaldi por meio de um acordo de gemellaggio, enquanto Follina mantém um pacto de amizade.

Em setembro de 2024, Follina arrecadou 3.188 euros (cerca de R$ 20,3 mil). Já em dezembro, um grupo de ciclistas de Conegliano contribuiu com 1,4 mil euros (aproximadamente R$ 8,9 mil). Os valores foram transferidos ao município com a finalidade de ajudar vítimas da enchente.

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O desafio da reabilitação

O custo total da prótese definitiva é de R$ 139,9 mil, já adquirida pelo caminhoneiro. Ainda assim, ele busca quitar o valor parcelado com apoio de campanhas solidárias. Atualmente, Piovesana está em fase de adaptação, utilizando próteses provisórias.

— Estamos tentando colocar as próteses, mas é um pouco demorado. Fizemos testes com umas provisórias que fazem bolha, mas isso é normal, até a pele engrossar e o corpo se adaptar. Então é um processo de tentar, se machucar, voltar para a cadeira de rodas e tentar de novo. Tem que continuar, não podemos parar — relatou.

Apesar das dificuldades, ele já consegue dirigir um carro adaptado em pequenas distâncias. Contudo, ainda não sabe se conseguirá retornar ao ofício de caminhoneiro.

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Esperança renovada

Para Piovesana e sua família, a aprovação do repasse traz alívio e perspectiva de futuro.
— Fiquei feliz, porque é uma coisa que vem para ajudar na minha reabilitação. Todo dia se gasta com uma coisa ou outra, então fiquei muito contente porque vem para somar — afirmou.

A história de resiliência do caminhoneiro, agora fortalecida pela solidariedade que atravessou o oceano, se soma ao esforço coletivo que marcou a resposta à tragédia climática no Rio Grande do Sul, lembrando que a reconstrução é feita também de gestos de humanidade.