A música brasileira perdeu, nesta segunda-feira (8), uma de suas vozes mais marcantes. Angela Ro Ro, cantora e compositora de trajetória singular, faleceu aos 75 anos em decorrência de uma parada cardíaca, após ser submetida a uma cirurgia. Ela estava internada desde o dia 17 de junho no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, onde passou por uma traqueostomia após enfrentar uma grave infecção pulmonar.
Durante o período de internação, a artista chegou a recorrer às redes sociais para pedir ajuda financeira aos fãs. Em uma publicação no Instagram, divulgou sua chave PIX e escreveu: “Sem perspectiva de alta ou cura para trabalhar, humildemente peço ajuda a vocês”.
Nascida em 1949, no Rio de Janeiro, como Angela Maria Diniz Gonsalves, a artista ganhou ainda na infância o apelido de “Ro Ro” devido à sua voz rouca e grave, que mais tarde se tornaria sua marca registrada.
O primeiro álbum, lançado em 1979, reuniu apenas composições autorais e apresentou ao país canções que se tornariam clássicos, como “Balada da Arrasada”, “Agito e Uso”, “Tola foi Você” e “Amor, meu grande amor”. No mesmo período, já havia marcado presença na música brasileira ao tocar gaita em Nostalgia, de Caetano Veloso.
Na década de 1980, consolidou-se como um dos nomes mais fortes da MPB. Em 1980, lançou o disco “Só nos resta viver”, seguido por “Escândalo” (1981), que trouxe novamente uma parceria com Caetano, autor da faixa-título. Foi nesse período que Angela lançou também um de seus maiores sucessos, “Gota de Sangue”, música que marcou a geração.
Além dos discos, a cantora se aventurou na televisão. No Canal Brasil, comandou o talk-show “Escândalo”, que misturava música e entrevistas, revelando seu lado irreverente e espontâneo. Seu último trabalho de estúdio foi o álbum “Selvagem”, lançado em 2017.
Angela Ro Ro não apenas interpretou, mas também inspirou grandes nomes da música brasileira. Um exemplo é a canção “Malandragem”, composta por Cazuza, que originalmente havia sido escrita para ser interpretada por ela, mas acabou eternizada na voz de Cássia Eller.
Com uma carreira de mais de quatro décadas, Angela Ro Ro deixa um legado de autenticidade, intensidade artística e coragem pessoal, sendo lembrada como uma das primeiras mulheres a assumir publicamente sua homossexualidade no Brasil.
Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento da cantora. O Brasil, no entanto, já se despede de uma de suas maiores artistas, cuja obra atravessou gerações e permanece viva na memória da MPB.