Política Preocupação
Bento despenca no ranking dos municípios mais competitivos do país
Capital do Vinho caiu da posição 66 para a 240 no levantamento que mede a capacidade dos municípios brasileiros em melhorar a gestão pública.
01/09/2025 16h52
Por: Marcelo Dargelio

O município de Bento Gonçalves, referência econômica e turística da Serra Gaúcha, sofreu uma queda expressiva no Ranking de Competitividade dos Municípios 2025, divulgado nesta segunda-feira (1º). A cidade caiu 174 posições em relação a 2024, saindo da posição 66 e ocupando agora a 240ª colocação no Brasil. O resultado do levantamento afasta a Capital do Vinho das cidades mais atrativas para investimento. Problemas com a gestão pública são um dos principais responsáveis pela queda.

A queda de 174 posições de Bento Gonçalves no Ranking de Competitividade dos Municípios 2025 encontra uma de suas principais explicações no funcionamento da máquina pública, onde o município aparece apenas na 391ª posição nacional, uma perda de 230 colocações em relação a 2024.

Custos da administração e do Legislativo

Os dados revelam um peso excessivo da estrutura administrativa e legislativa local. Bento figura em 407º lugar no custo da função administrativa e em 402º no custo da função legislativa, números que indicam gastos desproporcionais quando comparados a outros municípios. Ambos os indicadores receberam nota zero, sinalizando que o orçamento destinado à manutenção da máquina não se traduz em eficiência.

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Transparência e qualificação

Outro ponto crítico é a transparência municipal, na 274ª posição nacional, com nota de apenas 45,79. O dado sugere dificuldades em garantir acesso às informações públicas e em adotar boas práticas de governança. Além disso, a qualificação dos servidores caiu para o 116º lugar, indicando a necessidade de maior investimento em capacitação técnica.

O que é o Ranking de Competitividade?

O levantamento é produzido pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Fundação Brava, o SEBRAE e a Tendências Consultoria. O objetivo é medir a capacidade dos municípios brasileiros em gerar bem-estar para a população, a partir de pilares de gestão pública, qualidade dos serviços e sustentabilidade econômica e social. A credibilidade do ranking é reconhecida no meio acadêmico, político e empresarial, sendo usado como referência para avaliação de políticas públicas, planejamento estratégico e atração de investimentos.

A sexta edição do Ranking de Competitividade dos Municípios analisa o total de 418 municípios brasileiros, representando 60,28% da população do país, com base nos municípios com população acima de 80 mil habitantes de acordo com a estimativa populacional do IBGE para o ano de 2024. O Ranking de Competitividade dos Municípios é composto por 65 indicadores, organizados em 13 pilares temáticos e três dimensões. A primeira dimensão abordada neste estudo, Instituições, é composta por dois pilares: Sustentabilidade fiscal e Funcionamento da máquina pública. A segunda dimensão em análise, Sociedade, é composta por sete pilares: Acesso à saúde, Qualidade da saúde, Acesso à educação, Qualidade da educação, Segurança, Saneamento e, por fim, Meio ambiente. Por último, a terceira dimensão em estudo, Economia, é composta por quatro pilares: Inserção econômica, Inovação e dinamismo econômico, Capital humano e Telecomunicações. Cada pilar é ranqueado em nível nacional, regional e estadual, com base em dezenas de indicadores oficiais.

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Confira os números de Bento Gonçalves

Pontos negativos de Bento Gonçalves

A análise dos dados de 2025 revela gargalos importantes para o município:

Pontos positivos

Apesar da queda geral, alguns indicadores mostram avanços e potencial de recuperação:

O que significa a queda?

A perda de 174 posições no ranking é interpretada como um alerta para a gestão pública local. Especialistas avaliam que o município precisa investir mais em transparência institucional, sustentabilidade fiscal e políticas de saúde preventiva para recuperar competitividade.

Enquanto a qualidade da saúde e a economia se mostram como pilares sólidos, a queda em áreas estruturais como sustentabilidade fiscal, saneamento e acesso à saúde pode comprometer a capacidade da cidade de atrair investimentos e melhorar a qualidade de vida da população.