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Site “Dossiê Moraes” reúne acusações contra ministro Alexandre de Moraes
Criado por políticos de direita, portal tem o objetivo de reforçar pedido de impeachment do integrante do STF no Senado.
02/08/2025 14h34
Por: Marcelo Dargelio
Senador Jorge Seif (PL-SC) pediu formalmente o impeachment de Alexandre de Moraes (Foto)

Um site chamado “Dossiê Moraes” foi lançado nesta semana como parte da mobilização de setores da direita política brasileira para embasar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A página foi publicada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares da oposição ao governo federal, com objetivo de sustentar que o ministro teria cometido abusos de autoridade e violações constitucionais no exercício do cargo.

A iniciativa é encabeçada por nomes ligados ao partido Novo, como o vereador Rodrigo Marcial (Curitiba), o ex-deputado Deltan Dallagnol (PR), o senador Eduardo Girão (CE) e o deputado federal Marcel van Hattem (RS). Também participa o advogado Jeffrey Chiquini, que atua em casos ligados à tentativa de golpe de Estado e é filiado à mesma legenda.

O movimento ganhou tração após o senador Jorge Seif (PL-SC) apresentar formalmente o pedido de impeachment ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A base do pedido está em mais de 40 ações e decisões de Moraes, que, segundo os autores do documento, extrapolam os limites constitucionais do cargo.

Conteúdo do site

O site dossiemoraes.com.br reúne uma série de documentos, vídeos, reportagens e análises jurídicas que visam sustentar a tese de que Alexandre de Moraes teria atuado de forma autoritária, cerceando liberdades individuais, promovendo censura e ultrapassando as competências do Judiciário. Entre os principais tópicos abordados estão:

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Além disso, o site apresenta vídeos opinativos, trechos de entrevistas e manifestações públicas de juristas que criticam a atuação do ministro. Uma linha do tempo destaca decisões que, segundo os organizadores, configurariam "abuso de autoridade" e “quebra do devido processo legal”.

Estratégia política

A criação do site é parte de uma estratégia mais ampla da oposição bolsonarista para aumentar a pressão popular sobre o Senado, único órgão com competência constitucional para julgar pedidos de impeachment de ministros do STF. A expectativa dos apoiadores é que a divulgação em massa do conteúdo ajude a mobilizar a sociedade e amplifique a cobrança sobre Rodrigo Pacheco, que até agora tem evitado pautar os diversos pedidos protocolados contra magistrados da Corte.

Jorge Seif afirmou que a iniciativa não é um ataque ao Supremo, mas uma defesa da separação entre os poderes. “Não podemos aceitar que um ministro se torne intocável e exerça um papel político que não lhe cabe. O dossiê é um apelo à legalidade e à democracia”, declarou em coletiva.

Críticas e resistência

A iniciativa, no entanto, foi duramente criticada por juristas e parlamentares de centro e esquerda, que apontam caráter político-eleitoral e ausência de base jurídica sólida para sustentar um impeachment. Para analistas, o dossiê tem mais efeito simbólico do que prático, uma vez que o STF é um dos pilares de sustentação institucional e conta com o respaldo da maioria do Senado.

O próprio Alexandre de Moraes ainda não se manifestou oficialmente sobre o site ou sobre o novo pedido de impeachment. Procurado, o STF informou que “os ministros não se pronunciam sobre questões submetidas à apreciação do Congresso Nacional”.

Contexto

O ministro Alexandre de Moraes tem sido alvo constante de críticas de apoiadores de Bolsonaro desde que passou a relatar os inquéritos que investigam ações antidemocráticas, ataques ao STF e tentativa de golpe de Estado. Moraes também presidiu o TSE nas eleições de 2022 e foi uma das figuras centrais na contenção de atos que questionavam o resultado eleitoral.

O novo dossiê se soma a uma série de iniciativas anteriores que visavam contestar a legitimidade das decisões do ministro, mas que nunca prosperaram no Senado.