Brasil Inusitado
Prefeito se passa por morador de rua para revelar falhas nas políticas públicas
Atitude inédita no cenário político brasileiro recente dividiu opiniões Brasil afora.
01/08/2025 18h53
Por: Marcelo Dargelio
Prefeito destacou que é preciso rever muitas das políticas públicas atuais - Fotos: Reprodução/Especial

Em uma atitude inédita no cenário político brasileiro recente, o prefeito de Criciúma (SC), Vaguinho Espíndola (PSD), decidiu se disfarçar de morador de rua para avaliar de perto a efetividade das políticas públicas de assistência social e segurança urbana no município. A experiência, realizada na noite de segunda-feira (29), expôs realidades de tráfico de drogas, abandono, falta de abordagem social e invisibilidade institucional — revelando um lado da cidade que, segundo o próprio prefeito, “os gabinetes não enxergam”.

Vestindo roupas sujas, barba postiça e uma sacola plástica com poucos objetos, Vaguinho circulou por sete pontos da cidade, incluindo a Praça Nereu Ramos, o Terminal Central e áreas no entorno da Catedral São José. Em nenhum momento, afirmou, foi abordado por assistência social, Polícia Militar, Guarda Municipal ou por qualquer agente público.

“Fiquei sentado em bancos, deitei no chão, fui até a rodoviária. Estava ali como um invisível. Ninguém me enxergou”, relatou o prefeito em entrevista à imprensa. “Isso é muito grave. Se eu fosse alguém em vulnerabilidade real, teria sido ignorado pelo poder público.”

Tráfico e drogas à vista

Prefeito Vaguinho andou por diversos pontos da cidde sem ser reconhecido

 

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Durante a noite, Vaguinho afirmou ter presenciado negociações de entorpecentes, consumo de crack e maconha em plena praça central. A facilidade com que esses atos ocorrem, mesmo em locais de grande circulação e teoricamente monitorados, alarmou o prefeito.

“Tem um tráfico ali à vista de todos. Isso mostra que precisamos reavaliar nosso papel como Estado, como município”, afirmou.

Objetivo: testar a rede de proteção

A ação faz parte de uma proposta anunciada por Vaguinho de "revistar" o funcionamento das políticas públicas, especialmente voltadas para população em situação de rua, dependentes químicos e pessoas em vulnerabilidade extrema. Segundo o prefeito, a experiência servirá para reestruturar o atendimento prestado por órgãos como a Secretaria de Assistência Social, Guarda Municipal e demais pastas envolvidas.

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“Se ninguém aborda, se ninguém pergunta, se não há presença ativa do poder público, então temos um problema grave. Não adianta dizer que há políticas — é preciso que elas estejam nas ruas”, declarou.

Reações divididas

A ação gerou repercussão nacional e dividiu opiniões nas redes sociais e entre especialistas. Para alguns, trata-se de uma estratégia legítima e inovadora para compreender realidades sociais complexas. Para outros, a ação pode ser interpretada como um gesto simbólico, mas insuficiente para mudanças estruturais.

O prefeito, no entanto, afirma que a experiência não foi pensada como ação midiática, mas como parte de um esforço contínuo de reestruturação urbana e social. Disse ainda que irá anunciar novas medidas nos próximos dias para reforçar a presença dos serviços públicos em áreas críticas e garantir uma abordagem mais humanizada à população de rua.

 

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