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Recuperar é treinar: técnicas ganham espaço nas academias
Métodos como massagem, liberação miofascial, crioterapia e uso de roupas de compressão deixam de ser exclusividade de atletas e passam a integrar a...
01/08/2025 12h04
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Dino

Dores musculares, fadiga e queda de rendimento impactam não apenas atletas profissionais, mas também indivíduos que praticam exercícios regularmente. Para mitigar esses efeitos e favorecer a performance, cresce a adesão às chamadas práticas de recuperação muscular. Esse conjunto de técnicas visa à recuperação e à prevenção de lesões, e passa a ser incorporado de forma ampla, inclusive por quem frequenta academias sem foco competitivo.

Massagens específicas, liberação miofascial, crioterapia e roupas de compressão, antes associadas a centros especializados, atualmente são utilizadas por praticantes comuns em academias e clínicas especializadas.

“A musculatura precisa de tempo e nutrientes para se recuperar e crescer. Sem isso, o treino deixa de ser produtivo e pode até se tornar um fator de risco”, explica André Felipe, especialista técnico da Bio Ritmo. “Um dos erros clássicos observados nas academias, tanto entre iniciantes quanto entre veteranos, é subestimar a importância do descanso e ignorar os sinais do corpo”.

Os principais desafios à performance

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Entre as condições mais comuns entre praticantes de atividade física encontra-se a dor muscular de início tardio (DMIT). Com manifestação entre 24 e 72 horas após o esforço, a DMIT compromete força, mobilidade e rendimento.

“É uma resposta natural do corpo à sobrecarga, especialmente diante do aumento de intensidade ou da adoção de novos exercícios”, detalha o ortopedista do dr.consulta, Alexandre Pavan.

A fadiga muscular também se destaca como fator limitante, com impacto direto sobre a força e resistência. Em médio prazo, a falta de recuperação adequada favorece a perda de desempenho e eleva o risco de lesões musculoesqueléticas.

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“Sem o descanso necessário, o corpo não consegue se regenerar plenamente, o que compromete a qualidade dos treinos subsequentes”, completa Pavan.

Técnicas de recuperação mais aplicadas

Para lidar com esses fatores, as técnicas de recuperação se consolidam como ferramentas fundamentais. Embora amplamente empregadas por atletas profissionais, essas estratégias tornam-se cada vez mais comuns entre amadores, especialmente em modalidades como corrida.

O recovery atua no controle da inflamação, na redução da dor tardia e na melhora da circulação e da mobilidade. Entre os métodos utilizados, destaca-se a liberação miofascial, que pode ser feita com as mãos ou com equipamentos como rolos e bolas de pressão, sempre por profissionais habilitados.

“A liberação é eficaz para quem apresenta rigidez e dor localizada, embora possa causar desconforto em pessoas sensíveis ou com inflamações”, pontua o especialista do dr.consulta. “A técnica pode ser associada a outras, como a ventosaterapia, e colabora na prevenção de compensações musculares que levam a lesões.”

As massagens esportivas são aplicadas com foco na preparação e recuperação do corpo. Diferenciam-se das massagens relaxantes por envolverem maior pressão e movimentos voltados à ativação muscular, eliminação de toxinas e melhora do fluxo linfático.

“Mesmo praticantes com rotina moderada de treinos podem se beneficiar. A massagem ajuda a identificar desequilíbrios e evita que dores pontuais evoluam para lesões”, reforça Pavan.

Já a crioterapia emprega o frio para reduzir inflamações e acelerar o processo de regeneração muscular. A técnica pode ser aplicada por meio de imersão em água gelada, bolsas de gelo ou dispositivos eletrônicos que regulam a temperatura. O efeito vasoconstritor seguido de vasodilatação favorece a recuperação local.

As roupas de compressão também ganham espaço dentro e fora dos treinos. O uso contínuo desses acessórios promove a compressão controlada da musculatura, contribuindo para o retorno venoso, redução de edemas e possível percepção de menor fadiga.

“Hoje se entende que a recuperação é parte estruturante do treino, não um complemento opcional”, afirma André. “O descanso passivo pode não ser suficiente para quem deseja manter regularidade e segurança nos exercícios”.

Rotina de saúde amplia a efetividade da recuperação

O sono adequado figura entre os principais fatores biológicos ligados à regeneração muscular. Durante o sono profundo, ocorre a liberação de hormônios importantes para a reparação celular. A privação desse processo pode elevar o risco de overtraining — condição associada à estagnação, cansaço excessivo e lesões.

A alimentação equilibrada também cumpre papel central.

“Uma dieta ajustada fornece os nutrientes necessários para reconstrução muscular, redução de inflamações e reposição energética”, afirma Fúlvia Hazarabedian, responsável pelo programa de nutrição da Bio Ritmo. “O plano alimentar deve acompanhar o volume e a intensidade dos treinos, sempre com o suporte de profissionais capacitados”.

Alongamentos pós-treino, muitas vezes ignorados, auxiliam na flexibilidade, reduzem a tensão muscular e integram o processo de recuperação.

“Alongar após o exercício ajuda a sinalizar ao corpo a transição para o repouso. Isso favorece o relaxamento muscular, mas deve ser realizado com moderação, especialmente após treinos intensos”, reforça André.

A atenção aos sinais do corpo também é apontada como fator de prevenção.

Segundo o ortopedista do dr.consulta, a insistência em treinar com dor pode agravar lesões silenciosas e interromper a rotina de exercícios por longos períodos. “A recuperação eficaz não se limita ao descanso, mas depende da escuta ativa do corpo e da implementação de uma rotina que priorize a saúde muscular”.

Entre as estratégias complementares mais indicadas estão sessões regulares de fisioterapia preventiva, massagem e ajustes na rotina de treinos, como a alternância de grupos musculares e dias de recuperação ativa.