Na colônia, no campo ou na roça, seja o termo que seja usado nesse Brasil afora, o dia começa sempre antes do sol nascer. No asfalto, muitas vezes nem chega a terminar. Um planta, o outro leva. Entre o silêncio das lavouras e o ronco dos motores, colonos e motoristas seguem sendo os grandes responsáveis por alimentar o Brasil e garantir que tudo – de uma caixa de remédio a uma caixa de uva – chegue onde precisa chegar. Neste 25 de julho, o Brasil celebra duas profissões essenciais, frequentemente invisíveis nas grandes cidades, mas fundamentais para o funcionamento da vida cotidiana. Sem o colono, não há o que comer. Sem o motorista, não há como fazer o alimento chegar à mesa.
Segundo dados da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), mais de 70% dos alimentos consumidos no Brasil vêm da agricultura familiar – trabalho feito, na maioria das vezes, por colonos que passam gerações cultivando a terra. São eles que produzem o arroz, o feijão, as frutas, os legumes, os queijos, os ovos, o leite, o pão. Tudo o que é necessária para nos alimentar.
E é o motorista, muitas vezes autônomo, solitário e exposto aos perigos das estradas brasileiras, que encara dias e noites longe da família, atravessa estados, fronteiras e dificuldades, para garantir que esses produtos estejam nas feiras, nos supermercados, nas escolas e nos hospitais. “É um trabalho que ninguém vê, mas que sustenta tudo. Quando falta o diesel ou quando chove demais e a estrada bloqueia, todo mundo sente. Mas pouca gente lembra que tem alguém ali, no volante, fazendo a diferença”, diz Marcos Augusto Oliveira, caminhoneiro há 27 anos, que cruzou 23 estados brasileiros ao longo de sua trajetória profissional.
O Dia do Colono e do Motorista foi instituído para homenagear o esforço e a dedicação desses trabalhadores. Mas especialistas, lideranças rurais e sindicais alertam: falta valorização real, segurança, infraestrutura e políticas públicas eficazes para garantir dignidade e reconhecimento a essas categorias. “Celebrar é importante, mas é preciso ir além da simbologia. Precisamos de investimento em estradas seguras, em programas de incentivo à produção agrícola familiar e mais atenção à saúde física e mental desses profissionais”, destaca Luciana Marcolin, pesquisadora em mobilidade e desenvolvimento rural da UFRGS.
Nas colônias de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, seu Valdemar Zorzi, 64 anos, ainda planta uvas como fazia seu pai e seu avô. “A gente não escolhe ser colono. A terra chama. E quando a gente vê, já está com a enxada na mão.” Na mesma cidade, a motorista Sueli Miranda, 42, carrega caixas de suco para o centro do país. “Dirigir é meu ofício, mas também minha missão. Tem coisa nossa que o Brasil precisa conhecer.”
Histórias como essas cruzam o país diariamente, muitas sem registro. Mas nesta data simbólica, é preciso dizer, com todas as letras:
Obrigado, colono. Obrigado, motorista. Vocês são os verdadeiros condutores da vida e do progresso do Brasil.