A cantora e acordeonista Mary Terezinha, ícone da música regional gaúcha e parceira histórica de Teixeirinha, morreu nesta segunda-feira (30), aos 79 anos, em Porto Alegre. Segundo o filho da artista, Alexandre Lima Teixeira, ela faleceu em casa, no início da tarde, por causas naturais associadas a complicações decorrentes de uma fratura no fêmur, sofrida após uma queda.
Nascida em março de 1946, no município de Tupanciretã, Mary iniciou ainda na infância uma trajetória musical que a consagraria como uma das principais representantes do regionalismo gaúcho. Aos sete anos, já exibia domínio no acordeom e chamava atenção nas apresentações que fazia em Bagé, onde a família se fixou após passar por outras cidades do interior.
O apelido de “Teixeirinha de saias” surgiu antes mesmo de conhecer o cantor gaúcho. Quando a parceria enfim se consolidou, ainda na adolescência de Mary, iniciava-se uma relação pessoal e artística que duraria 22 anos. Juntos, Mary e Teixeirinha gravaram centenas de canções, dezenas de LPs e protagonizaram 12 filmes, entre 1967 e 1981, levando a música do Rio Grande do Sul aos palcos, rádios, estúdios e telas de cinema.
A união terminou de forma definitiva em 1984. No ano seguinte, Mary casou-se com o mentalista Ivan Trilha, com quem ficou até 1989. Em 1992, publicou a autobiografia “A Gaita Nua”, em que relatou momentos marcantes da carreira e da vida pessoal. Na segunda metade dos anos 1990, converteu-se à fé evangélica e passou a cantar e compor músicas gospel, mantendo os ritmos tradicionais, como vanerão e rancheira.
Foram ao todo seis CDs autorais, todos com letras de inspiração religiosa. A carreira foi interrompida nos últimos anos por problemas de coluna e dores crônicas. Durante a pandemia, Mary enfrentou um período de isolamento e silêncio, marcado pelo afastamento da vida pública. — Ela ficou muito tempo sem falar na pandemia, sem sair de casa. Foi um período bem difícil, disse o filho Alexandre, em entrevista de 2022.
Com sua trajetória única, Mary Terezinha deixa um legado inconfundível na música regional do Sul do Brasil, sendo lembrada por gerações como a mulher que, com sua gaita e voz firme, marcou época ao lado de um dos maiores nomes da cultura popular gaúcha.