Economia Negócios
Empreender nos EUA pode levar ao green card
Com ambiente favorável e vistos específicos, brasileiros encontram nos EUA oportunidades para empreender e obter residência permanente.
24/06/2025 10h40
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Dino

O cenário de negócios nos Estados Unidos segue aquecido em 2025. O país abriga cerca de 33,2 milhões de empresas, sendo 99,9% de pequeno porte, segundo dados do Clearly Payments. Essas pequenas empresas empregam quase metade da força de trabalho norte-americana, atuando em setores como varejo, serviços, manufatura e construção.

O cenário também representa oportunidades para imigrantes. Com mais de dois milhões de brasileiros vivendo atualmente nos EUA, conforme o Itamaraty, o país se consolida como destino preferido de quem deseja empreender e, ao mesmo tempo, obter residência permanente. O visto EB-5 é o principal caminho legal para esse perfil, já que conecta empreendedorismo à concessão do green card.

Segundo o USCIS, a emissão de vistos EB-5 cresceu 42% entre 2023 e 2024, e o Brasil já é o 7º país com mais concessões, de acordo com o EB5 Brics. “A nova administração de Donald Trump sinaliza intenção de incentivar o empreendedorismo, o que pode beneficiar programas como o EB-5”, afirma o brasileiro Daniel Vasconcelos, Business Broker da First Choice Business Broker, uma das principais firmas de intermediação de negócios nos EUA, com atuação na Flórida e em Massachusetts.

O visto EB-5 exige um investimento mínimo de US$ 800 mil e a geração de empregos formais nos Estados Unidos. “O investimento é feito em empresas credenciadas pelo governo americano, chamadas de Regional Centers, que conduzem grandes projetos financiados por esse programa”, explica o advogado de imigração Gustavo Nicolau, da Green Card US. “Embora essas empresas sejam credenciadas, o governo não atua como garantidor ou fiador em nenhum aspecto do negócio”, ressalta.

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Já o visto E-2, alternativa viável para brasileiros com dupla cidadania de países que mantêm tratado comercial com os EUA, permite empreender com aportes a partir de US$ 100 mil. Apesar de possibilitar viver e trabalhar no país gerenciando o próprio negócio, o E-2 não garante um caminho direto para o green card. “O E-2 facilita uma chegada rápida nos EUA e, como regra, permite que a pessoa viva e trabalhe no país por cinco anos, com chance de renovação do visto”, afirma Nicolau. “Embora não se trate de um green card, é possível solicitar — durante a vigência do E-2 — a residência permanente, que, se aprovada, pode ser concedida já em solo americano.”

O nível de investimento exigido de imigrantes não difere significativamente das condições enfrentadas por empreendedores americanos: segundo a Guindante Financial, 30% dos proprietários de pequenos negócios nos EUA afirmam ter investido entre US$ 100 mil e US$ 500 mil para iniciar suas operações.

A escolha do setor é um ponto a ser estudado. “Se você é dono de um hotel no Brasil, faz mais sentido adquirir algo relacionado nos EUA. Isso aumenta a coerência do processo migratório”, explica Vasconcelos. “Já quem tem perfil empreendedor, com histórico em negócios variados, pode investir com mais liberdade.”

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Além da intermediação de negócios, Vasconcelos orienta seus clientes na seleção de segmentos com maior potencial de retorno. Entre os destaques estão o setor de franquias, que movimentou US$ 858 bilhões em 2023, segundo a International Franchise Association, além de áreas como limpeza comercial e residencial (US$ 78 bilhões por ano) e cuidados domiciliares a idosos (US$ 45 bilhões), que crescem rapidamente.

Entre as estratégias mais seguras está a aquisição de empresas já em funcionamento. “Você compra o chamado ‘goodwill’, ou seja, a reputação da marca, a carteira de clientes, a estrutura pronta e, muitas vezes, consegue acesso facilitado a financiamentos nos EUA. É um caminho mais seguro do que começar do zero”, diz Vasconcelos.

“Franquias já em operação são ideais porque oferecem suporte, marca consolidada e menor risco”, afirma. Negócios considerados simples, como lavanderias ou serviços de manutenção, também são boas apostas: “Eles podem não ser glamourosos, mas geram receita estável e são muito procurados.”

Segundo Vasconcelos, o sucesso de um investidor depende diretamente de planejamento e informação. “Mais do que nunca, é essencial buscar orientação e entender as opções. As políticas atuais favorecem quem está preparado para empreender com responsabilidade. Caso contrário, o mercado e o governo não perdoam.”

Vasconcelos diz que empreender nos EUA é mais do que um caminho para a imigração legal: “Trata-se de uma decisão estratégica com potencial de garantir estabilidade financeira e crescimento pessoal duradouro”, afirma.