Justiça Julgamento
Justiça Federal condena envolvidos em esquema na Embrapa Uva e Vinho
Entre os fatos apurados estão a dispensa indevida de licitações, uso de recursos públicos para fins particulares, e a compra de uvas superfaturadas.
21/06/2025 07h31 Atualizada há 6 horas
Por: Marcelo Dargelio

A 1ª Vara Federal de Bento Gonçalves (RS) condenou cinco réus em Ação Civil de Improbidade Administrativa movida pelo Ministério Público Federal (MPF), envolvendo irregularidades na Embrapa Uva e Vinho, unidade localizada no município da Serra Gaúcha. A sentença, assinada pelo juiz Marcelo Roberto de Oliveira, foi publicada no último dia 12 de junho, mas foi divulgada somente na quarta-feira, 18. Cabe recurso da decisão ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

A decisão teve como base investigações da Operação Liber Pater, deflagrada pela Polícia Federal, que apurou fraudes entre os anos de 2010 e 2017. As denúncias envolvem enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário público e violação dos princípios da administração pública, como legalidade, impessoalidade e honestidade.

Entre os fatos apurados estão a dispensa indevida de licitações, uso de recursos públicos para fins particulares, e a compra de uvas superfaturadas. De acordo com o MPF, as compras eram feitas de forma simulada: as notas fiscais tinham datas anteriores aos processos de dispensa, e a entrega das mercadorias ocorria antes mesmo da formalização legal.

As investigações revelaram também que parte das compras foi direcionada a laranjas, como o caseiro e o cunhado de um servidor da empresa. Apesar de os documentos estarem em nome de terceiros, o beneficiário real era o próprio funcionário da Embrapa, configurando fraude e direcionamento ilícito de recursos.

Continua após a publicidade

A sentença reconheceu que os atos causaram um prejuízo superior a R$ 27 mil aos cofres públicos, além de cerca de R$ 50 mil em enriquecimento ilícito para dois dos condenados. O juiz afirmou que os envolvidos “causaram perdas patrimoniais à Embrapa ao participarem das dispensas indevidas de licitação”, burlando normas legais e utilizando práticas simulatórias.

Como pena, os réus terão que ressarcir integralmente o dano, com o valor dividido entre eles. Também foram impostas a suspensão dos direitos políticos por seis anos, a proibição de contratar com o poder público por quatro anos, e o pagamento de multa equivalente ao valor do prejuízo, a ser definido na liquidação da sentença.

Alguns dos réus já haviam sido condenados na esfera criminal, com as provas do processo penal sendo utilizadas como subsídio na ação civil. 

Continua após a publicidade