Brasil Luto na música
Morre Bira Presidente, fundador do Fundo de Quintal e ícone do samba no Brasil
Internado em tratamento contra um câncer de próstata e diagnosticado com Alzheimer, ele não resistiu às complicações de saúde e faleceu no hospital.
15/06/2025 09h56
Por: Marcelo Dargelio
Bira presidente deixa um legado importante para o samba brasileiro - Foto: Fábio Rocha/Globo/Especial

O samba brasileiro perdeu neste sábado, 14, um de seus maiores nomes. Morreu no Rio de Janeiro, aos 88 anos, o músico Bira Presidente, fundador do grupo Fundo de Quintal e do bloco Cacique de Ramos. Internado em tratamento contra um câncer de próstata e diagnosticado com Alzheimer, ele não resistiu às complicações de saúde e faleceu rodeado pela admiração de toda uma geração de sambistas e fãs.

Nascido Ubirajara Félix do Nascimento, em 23 de março de 1937, Bira foi cantor, compositor e percussionista. Natural do bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio, viveu e difundiu o samba desde a infância, influenciado por ícones como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. Com sete anos, teve seu "batismo no samba" na Estação Primeira de Mangueira, escola que sempre considerou sua de coração. Sua mãe, uma mãe de santo da Umbanda, influenciou a espiritualidade e o ambiente musical das festas familiares, elementos que se tornariam parte do seu estilo único.

Cacique de Ramos e a revolução nas rodas de samba

Em 1961, ao lado de amigos e familiares, Bira fundou o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, um dos mais influentes blocos de carnaval e centros culturais do samba no Brasil. A sede do grupo, apelidada de “Doce Refúgio”, se tornou ponto de encontro de sambistas que ajudaram a revolucionar o samba tradicional das décadas seguintes. Até sua morte, Bira foi o único e eterno presidente do Cacique, sendo conhecido como “o próprio Cacique”.

O nascimento do Fundo de Quintal

No final dos anos 1970, das rodas do Cacique, surgiu o grupo Fundo de Quintal, referência no samba de raiz. Bira foi um dos fundadores e ajudou a consolidar a nova sonoridade do gênero ao lado de músicos como Almir Guineto e Ubirany, seu irmão. O grupo inovou ao usar instrumentos como tantã, repique de mão e banjo, e influenciou toda uma geração de sambistas.

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Reconhecido por seu carisma, presença marcante e domínio no pandeiro, Bira gravou e tocou com artistas consagrados, como no disco De Pé no Chão, de Beth Carvalho, além de acompanhar nomes importantes da MPB.

Legado para a música brasileira

Além da música, Bira atuou por décadas como servidor público, antes de se dedicar inteiramente à carreira artística. Era também torcedor do Flamengo, apreciador da dança de salão e uma figura respeitada em todo o país.

Bira Presidente deixa as filhas Karla Marcelly e Christian Kelly, os netos Yan e Brian, e a bisneta Lua. Sua morte representa uma perda irreparável para a cultura brasileira, mas seu legado no samba e sua atuação como líder comunitário e cultural seguem vivos nas rodas e palcos do Brasil.

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A trajetória de Bira Presidente, marcada pela paixão pela música e pela valorização da cultura negra e suburbana, consolida seu nome entre os grandes mestres do samba no Brasil.